Metrô de BH, uma urgência, por Eduardo Azeredo


“Restabelecer na Região Metropolitana de Belo Horizonte o transporte de passageiros sobre trilhos, ampliá-lo e articulá-lo ao metrô, expandindo de forma significativa a mobilidade regional” está entre as soluções apontadas como prioritárias pelo Colegiado de Entidades da Sociedade Civil da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em seu último relatório de propostas para o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da capital. Por óbvio, é desejo de todos um metrô eficiente, com capacidade ampliada para atender a real demanda da Grande BH, com seus quase 5 milhões de habitantes.

A presidente Dilma Rousseff anunciou investimentos de mais de R$ 3 bilhões para as obras de ampliação do metrô da capital mineira. Esses recursos – R$ 1 bilhão do Orçamento Geral da União, R$ 1, 47 bilhão dos governos estadual, municipal e da iniciativa privada, e R$ 1,13 bilhão do BNDES – serão destinados à expansão e modernização da linha 1 e à implantação das linhas 2 (Barreiro – Calafate) e 3 (Lagoinha – Savassi).

Não podemos negar que o anúncio da presidente gera uma expectativa bastante positiva. Entretanto, uma ponta de apreensão sempre permanece, pois nos últimos oito anos a situação foi de total descaso do governo federal com relação ao metrô de Belo Horizonte. A falta de investimento, obras inacabadas e sucateamento dos trens evidenciam que o governo federal não voltou seu olhar para essa urgente necessidade dos mineiros. Para ter uma ideia, o único recurso previsto no Orçamento da União para o metrô da capital mineira tem origem em emenda por mim apresentada ainda no Senado em 2010, no valor de R$ 49 milhões. São recursos que, apesar de insuficientes, poderiam já ter sido empregados no projeto de implantação da linha 2. Entretanto, nenhum centavo foi liberado pelo governo federal. Como disse, as últimas intervenções no sentido de ampliar o metrô de Belo Horizonte foram feitas ainda em 2002 e, antes disso, em governos do PSDB.

Em 1990, o metrô da capital ligava apenas o Eldorado à Praça da Estação. Com gestões políticas junto ao governo federal, quando Pimenta da Veiga e eu assumimos a prefeitura, foram construídas as estações Santa Efigênia, Santa Tereza e Horto. Mais tarde, já durante minha gestão no governo de Minas e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no governo federal, foram construídas as estações Santa Inês, José Cândido e Minas Shopping. E ainda no segundo governo FHC foram construídas as estações São Gabriel, 1º de Maio, Waldomiro Lobo e Floramar – indo até o Vilarinho. Com o PT no governo federal, nenhum metro de trilhos foi construído na capital mineira.

E não foi por falta de cobranças da oposição e, claro, da população belo-horizontina. Nesses oito anos realizamos quatro audiências públicas no Senado, todas com a presença do então ministro das Cidades, Márcio Fortes, para discutir a questão do transporte metropolitano. Na última semana, a bancada mineira na Câmara também se reuniu com representantes do Movimento de Luta em Defesa das Obras do Metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nessas audiências, alguns dados sobre investimentos foram apresentados, revelando a realização apenas de obras de manutenção das linhas e estações.

Também debatemos algumas propostas de soluções que podem ser adotadas para melhorar o transporte metropolitano em Belo Horizonte. Uma delas é a efetiva transferência das operações das linhas para a Metrominas, empresa criada há 13 anos para fazer a gestão do sistema metroviário, com participação do Estado e das prefeituras de Belo Horizonte e Contagem. E por que isso não ocorreu? Porque ficou acertado que o estado assumiria a gestão desde que o governo federal concluísse as obras até o Barreiro, aumentando assim o número de passageiros e tornando a operação economicamente viável – o que não aconteceu.

Outra ação necessária é a integração do metrô com linhas de trens leves. Há mais de nove anos, propusemos a interligação de Betim ao sistema, mas esse projeto também não avançou. Na mesma situação, há outros municípios da Grande BH que poderiam ser interligados. Além disso, há essa possibilidade de uma parceria público-privada (PPP) que, parece, será a adotada agora. Belo Horizonte e os belo-horizontinos estão esperançosos. Nós, da oposição, continuaremos cobrando.

(*) Eduardo Azeredo é deputado federal pelo PSDB-MG, ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-governador de Minas e ex-senador. Artigo publicado no jornal “O Estado de Minas” em 21/09/11.

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21 setembro, 2011 Artigosblog Sem commentários »

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