Gestão amadora


Declarações de Miriam Belchior sobre custos da Copa comprovam falta de planejamento

A falta de planejamento, o improviso e o amadorismo prevalecem nos preparativos do governo federal para a Copa de 2014. A avaliação foi feita pelos deputados Vanderlei Macris (SP) e Jorginho Mello (SC) nesta terça-feira (20) com base nas afirmações da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ontem (19), ela disse desconhecer o valor que o país gastará com o evento e minimizou a importância das obras de mobilidade urbana para a realização dos jogos. Segundo ela, se os empreendimentos não ficarem prontos, basta decretar feriado e a população poderá se locomover sem enfrentar problemas.

Para os tucanos, o governo não consegue gerir as melhorias para a Copa e trabalha sem compromisso com a sociedade e com a utilização do dinheiro público. Conforme balanço oficial divulgado na semana passada, de um total de 49 obras de mobilidade, só nove (menos de 20%) foram iniciadas até agora.

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“O governo está sempre improvisando. Quando não consegue resolver uma questão com planejamento, responsabilidade e qualidade, busca alternativas. Isso demonstra que há realmente uma falta de projeto e capacidade de gestão”, criticou Macris. Segundo o deputado, o Planalto prefere deixar tudo para última hora, o que tem gerado custos maiores que o previsto.

De acordo com ele, os valores tendem a aumentar ainda mais, cada vez que se adia uma construção. “E quem paga por isso é a sociedade”, alertou, ao lembrar os jogos Pan-americanos do Rio em 2007. A expectativa era gastar R$ 800 milhões, mas o custo foi superior a R$ 3 bilhões.

Para Jorginho Mello, as melhorias na mobilidade são tão importantes quanto os estádios e aeroportos. “Não dá para tratar dessa forma tão amadora. Não é só o feriado que vai resolver os problemas. Temos que nos estruturar e planejar para não fazer um fiasco por falta de estrutura. É preciso arregaçar as mangas e cumprir o prometido”, cobrou.

Governo desconhece o valor

De acordo com a ministra, mesmo sabendo que sediará a Copa de 2014 há mais de três anos, o Brasil ainda não tem ideia de quanto gastará para fazer o evento, pois não há um estudo que indique isso. Além disso, Miriam Belchior culpa a Fifa por fazer novas exigências e aumentar os custos. O atraso nas obras e a necessidade de novas contratações, revisões de projetos e outras necessidades advindas dos atrasos não são apontadas por ela como causa desse “desconhecimento”.

As estimativas de custo com o evento variam de R$ 23,4 bilhões a R$ 112 bilhões. Em março, a presidente Dilma havia estimado em R$ 33 bilhões. Seis meses depois, a ministra responsável pelo planejamento do governo afirma que desconhece o valor.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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20 setembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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