Estatal desestruturada


População é a maior prejudicada com a greve dos Correios, avaliam deputados

A greve dos Correios causa um enorme prejuízo aos cidadãos, na opinião dos deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Paulo Abi-Ackel (MG). Os tucanos ressaltaram que a estatal, antes um exemplo de eficiência e pontualidade, hoje está fragilizada pela falta de planejamento e incapacidade gerencial do governo do PT. A paralisação iniciada na última quarta-feira (14) provoca atrasos na entrega de pelo menos 40% das encomendas. Um balanço da empresa apontou que 28 milhões de objetos deixaram de ser entregues ou perderam o prazo.

“Antigamente, os Correios eram uma das empresas com o maior nível de credibilidade, mas isso vem caindo e ela está totalmente desestruturada, não há investimento”, destacou Gomes de Matos.

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Segundo ele, a situação demonstra a falta de compromisso do PT em apoiar o trabalhador. “O reflexo da greve para a economia e a população é incalculável. A correspondência que não chegou a tempo vai ser paga com juros. Era preciso fazer a reposição salarial sem chegar a esse nível”, afirmou.

Para Abi-Ackel, a estatal é mal administrada. De acordo com o parlamentar, a paralisação de um serviço essencial é temerária. “Tudo isso se reflete em um processo de enorme prejuízo. É uma greve muito séria, preocupante, haja vista a absoluta radicalização com que a direção dos Correios e os funcionários estão nesse momento sem nenhuma perspectiva de acordo.”

Os parlamentares ressaltaram que o setor privado tem ocupado o espaço da empresa pública. Enquanto a entrega de encomendas da estatal está suspensa, outras companhias reforçam as equipes e se preparam para o aumento de serviço, segundo a “Agência Estado”. A companhia DHL Express informou que registrou aumento de 14% no envio de remessas na última greve dos Correios, em setembro de 2009.

“A estatal tem que ser bem gerenciada para gerar lucros e nunca para acomodar a companheirada, os funcionários com carteirinha do PT. Em face da má gestão, acaba havendo prejuízos, aumentam os custos e os cidadãos têm que recorrer aos serviços de empresas privadas”, avaliou Abi-Ackel. “Devido à falta de estrutura e credibilidade surgem na iniciativa privada sistemas para fazer atividades eminentemente dos Correios”, resumiu Gomes de Matos.

A população já se mostra indignada com a paralisação do serviço, como mostram as cartas de leitores publicadas pelo jornal “O Globo”. “Novamente, não receberemos nossas cartas, contas e encomendas por um longo tempo. Enquanto isso, a propaganda continua a pleno vapor, no rádio e na televisão, debochando da gente e bradando uma qualidade que todos sabem que não existe mais”, afirma um leitor.

Atraso nas encomendas

→ Um balanço dos Correios apontou que 28 milhões de objetos deixaram de ser entregues ou estão atrasados, o que representa 40% dos 70 milhões previstos nesses dois dias de paralisação.

→ Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) reivindicam aumento real linear de R$ 400 nos salários da categoria, mais vale-refeição de R$ 30. A empresa, entretanto, ofereceu R$ 50 de incremento salarial e R$ 25 de benefício.

→ A estatal estima que 30% dos 110 mil funcionários em todo o país estão em greve. O número, no entanto, contrasta com o da federação que representa a categoria, que calcula em torno de 75% os funcionários fora de serviço.

→ “Esta greve dos Correios já está causando muitos problemas a todos. O que parece é que os dirigentes da estatal não estão preocupados com a população, pois exigem primeiro a volta dos seus funcionários para depois negociarem. Enquanto isso não acontece, pagamos com a espera, com contas que não chegam e temos que correr atrás, para não pagarmos multas. Impressionante é a rapidez com que os políticos aumentam seus salários sem precisar de greve, de negociação. Prejudicam tanto nosso bolso com seus gastos incontidos, imorais e ilegais que para os outros sobram somente negociações”, Celia Cristina da Silva na sessão de cartas do “O Globo”.

→ Mais uma vez, os Correios entram em greve. Quantas vezes já tivemos esta agradável surpresa somente este ano? Não importa a quantidade, mas que, novamente, não receberemos nossas cartas, contas e encomendas por um longo tempo. Enquanto isso, a propaganda continua a pleno vapor, no rádio e na televisão, debochando da gente e bradando uma qualidade que todos sabem que não existe mais. Não está na hora de quebrar esse monopólio e acabar com a incompetência? Até quando vamos ter que aturar essa história de ‘Correios e greve, atraso e Correios’?”, João Paulo Taveira Guterres, também em carta ao jornal.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)

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16 setembro, 2011 Últimas notícias 2 Commentários »

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