Atestado de ineficiência


Atraso nas obras da Copa só reforça incompetência e falta de transparência do governo

Os deputados Antonio Imbassahy (BA) e Ricardo Tripoli (SP) acreditam que o atraso no cronograma de execução da Copa de 2014 a mil dias do início do evento revela a incompetência e a falta de transparência da administração do PT na realização das obras. Após quase quatro anos do anúncio de que o Brasil sediaria o torneio, dos 81 empreendimentos previstos, como reforma de estádios, ampliação de aeroportos, intervenções urbanas e adequações em portos, 52 (64%) ainda nem saíram do papel. A principal demora é em relação ao transporte urbano.

“Esse atraso é o atestado pleno da ineficiência do governo. É impossível que, na grande maioria, as obras não tenham sequer começado. Queremos construções com qualidade, feitas com os valores adequados. Não vamos aceitar que elas sejam tocadas de maneira improvisada, o que vai envergonhar o povo brasileiro”, alertou Imbassahy.

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Brasil precisará fazer em mil dias o que não fez nos 1.417 que se passaram desde a escolha para sediar o torneio

Dos projetos voltados para o evento, somente as obras das 12 arenas estão em operação. Mesmo assim, ao menos três (São Paulo, Natal e Manaus) não ficam prontas para a Copa das Confederações, em 2013. Quanto à mobilidade urbana, 49 empreendimentos estão inscritos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas apenas nove estão em andamento.

O Planalto não parece sensibilizado com o cenário e assegura que está tudo no prazo. “O governo afirma que está tudo em dia, mas não é a impressão que se recolhe das conversas com os setores privados diretamente envolvidos”, analisa o colunista Carlos Alberto Sardenberg, em “O Globo”. Ele lista três preocupações: falta de plano, definições e regulamentações; atrasos em planejamento e obras; e indefinição em relação ao pós-Copa.

Na opinião de Imbassahy, a competência da gestão petista é só na propaganda, anunciando projetos que não são realizados. “Não vamos aceitar o Executivo fazer coisas erradas para suprir as deficiências da sua administração”, reprovou.

Tripoli questiona como o PT pretende superar o atraso em diversos setores. “Falta transparência no processo do evento. Além do grande problema que ocorre com a construção dos estádios, temos ainda uma situação grave de infraestrutura”, criticou. “Não se pode anunciar uma Copa só por causa dos estádios, embora nem eles estejam equacionados. É preciso oferecer tranquilidade”, acrescentou.

Tudo parado

→ Das 12 sedes, cinco iniciaram obras (Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro). Na capital gaúcha, de dez previstas, há apenas uma em curso. Em Brasília, a ampliação da DF-047, que dá acesso ao aeroporto, está parada no Tribunal de Contas do DF por suspeita de irregularidades. Em Natal, os únicos dois empreendimentos ainda estão sendo projetados. Em Curitiba, os nove dependem de licitações.

→ A presidente prometeu que a tecnologia de celulares 4G, de altíssima velocidade, estará funcionando no Brasil nas cidades da Copa. Acontece que esse sistema (com o nome técnico de LTE) nem está regulamentado.

Frase:

“Quem pode acreditar em tantas promessas do governo? Toda vez que tem um problema grave, ele vem e anuncia projetos que não são realizados. O governo tem que utilizar adequadamente o dinheiro público, respeitar o contribuinte, que já paga um imposto muito elevado, e fazer as obras com responsabilidade.”

Deputado Antonio Imbassahy (BA)

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)

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16 setembro, 2011 Últimas notícias 2 Commentários »

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