Cai chefe do Turismo


Escândalos e queda de ministros viraram rotina no governo Dilma, avaliam tucanos

Alvejado por sucessivas denúncias de corrupção, Pedro Novais pediu exoneração do Ministério do Turismo nesta quarta-feira (14). Em reunião no Palácio do Planalto, ele entregou a carta de demissão à Dilma Rousseff. É o quinto auxiliar do primeiro escalão a sair do governo do PT em pouco mais de oito meses de gestão. Dos outros quatro que caíram (Casa Civil, Agricultura, Defesa e Transportes), três também deixaram a Esplanada em virtude das denúncias publicadas na imprensa, e não por problemas identificados pelos próprios órgãos de controle do governo. Para deputados do PSDB, os escândalos e a queda de auxiliares diretos da presidente viraram rotina precocemente, pois o governo não tem nem um ano de duração.

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Vice-líder da bancada, Vanderlei Macris (SP) atribuiu o problema às más escolhas da presidente Dilma, que em entrevista ao “Fantástico” veiculada no domingo chamou para si a responsabilidade pela montagem de sua combalida equipe.  “O PT fez alianças complicadas, que levam em conta a partição dos cargos aos  grupos políticos que dão suporte ao governo sem levar em conta o profissionalismo, a competência e a folha de serviços prestados ao país”, avaliou. O tucano classificou a faxina anunciada por Dilma de mera “fachada” e afirmou que novas baixas vão ocorrer nos próximos meses. “Ela está fadada a trocar seu ministério todo logo no começo de seu mandato”, reprovou.

“Depois de ter pago motel com dinheiro público e ter o segundo homem de seu ministério e toda cúpula envolvida em prisões da Operação Voucher da PF, não me assusta que ele bancava a governanta de sua casa também com o dinheiro do povo. Espero que agora a presidente Dilma leve para comandar o ministério alguém que tenha credibilidade e cuide bem dessa pasta tão importante para a Copa e as Olimpíadas que acontecerão no Brasil”, cobrou o deputado Fernando Francischini (PR). “Faxina de fachada não adianta mais. Ninguém aguenta mais tanta corrupção e só uma CPI poderá realmente apurar tudo, descobrir onde o dinheiro foi parar e recuperá-lo para os cofres públicos”, completou.

Por sua vez, Carlaile Pedrosa (MG) considerou inédito o que está acontecendo no governo. “Já estamos perdendo a conta dos ministros que saíram. Pedro Novais já deveria ter sido demitido, e não pedido para sair. A presidente Dilma está perdendo a oportunidade de compreender realmente que a corrupção está tomando conta do governo”, alertou Carlaile.

Denúncias sem fim

Alvo constante de denúncias desde que assumiu o ministério, Novais deixa o governo após sua situação ter ficado insustentável. Nesta quarta-feira, a “Folha de S. Paulo” publicou a denúncia que consolidou a queda do peemedebista: a de que ele usava um servidor da Câmara dos Deputados, Adão dos Santos Pereira, como motorista particular de sua mulher.

Adão servia no gabinete de Novais quando ele era deputado federal pelo PMDB do Maranhão. Quando deixou o cargo para assumir o Turismo a convite da presidente Dilma, o motorista foi transferido para o gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA), um aliado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), assim como o ministro que pediu para sair.

Em sua edição de terça-feira, o mesmo jornal mostrou que o ministro teria usado dinheiro da Câmara para pagar o salário da governanta de seu apartamento em Brasília. E mais: em dezembro de 2010 o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou que o então deputado pediu à Câmara o ressarcimento por despesas em um motel de São Luís (MA).

As denúncias que provocaram a saída do ministro vêm à tona um pouco mais de um mês da Operação Voucher, da Polícia Federal, que prendeu 9 de agosto 36 pessoas em  acusadas de participarem de um esquema de corrupção no Ministério do Turismo. As suspeitas levantadas recaem sobre um convênio assinado pelo ministério e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura sustentável (Ibrasi). O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou irregularidades no convênio que previa o repasse de R$ 4,4 milhões para qualificar 1,9 mil profissionais de turismo no Amapá, estado sem vocação turística.

No dia 17 de agosto, Novais depôs na Câmara para tentar esclarecer os desmandos na sua pasta, mas não convenceu. Já naquela ocasião deputados do PSDB afirmaram que o depoimento dele apenas reforçava a necessidade de instalação da CPI da Corrupção. Além disso, já avaliavam que a permanência dele no cargo era inadequada.

(Reportagem: Marcos Côrtes, com colaboração de Djan Moreno e Letícia Bogéa/ Foto: Ag. Brasil/ Áudio: Elyvio Blower)

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14 setembro, 2011 Últimas notícias 3 Commentários »

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