Revolucionar o sistema educacional: tarefa coletiva, por Marcus Pestana


Nunca é demais chover no molhado, segundo o qual a variável estratégica que pode nos garantir o passaporte para o futuro é a qualificação do nosso sistema educacional. A sociedade contemporânea se estrutura no conhecimento, na capacidade de inovação, na habilidade empreendedora e da qualidade do capital humano. A educação é a única portadora da semente da transformação.

No mundo do trabalho, na vida em sociedade, na convivência cotidiana com a automatização dos serviços, são cada vez maiores as exigências colocadas para as pessoas individualmente e para a população em termos coletivos. Do grau de cidadania e consciência social à produtividade e à competitividade da economia, tudo depende da qualidade da educação. Não é possível conviver com uma enorme exclusão em relação ao manejo das novas linguagens digitais e ferramentas tecnológicas ou mesmo às habilidades básicas, como expressar-se corretamente, decodificar textos ou realizar operações aritméticas.

O Brasil avançou nas últimas décadas. Mas basta vir à tona qualquer uma das avaliações de desempenho do aprendizado das crianças e dos jovens para constatarmos que estamos muito longe dos padrões desejáveis.

É impressionante o consenso sobre a centralidade da revolução educacional necessária. Existem muitas experiências exitosas. Mas a educação brasileira ainda se configura como um dilema do tipo “decifra-me ou te devoro”. Arrisco alguns palpites:

1) É preciso construir uma escola menos estatal e mais comunitária. Se pais e líderes comunitários não abraçarem as escolas como instituições centrais na vida social, provavelmente fracassaremos. A capacidade de liderança e iniciativa dos dirigentes escolares joga papel essencial. Os canais de acolhimento e participação também.

2) Uma permanente revolução pedagógica se faz necessária. Crianças e jovens convivem com uma das melhores TVs abertas do mundo e, de um jeito ou de outro, têm acesso à internet. A vocação das escolas será cada vez menos repassar informação e, cada vez mais, semear capacidade crítica, método para lidar com esse verdadeiro tsunami de informações.

3) É preciso uma mudança no clima de partidarização e ideologização extrema do movimento sindical que organiza os educadores. A luta por melhores condições de trabalho é legítima. Mas é preciso uma aliança, sem prejuízo das identidades e opiniões, entre governos, sociedade e profissionais da educação, com foco no sucesso das crianças ou dos jovens. Interesses corporativos radicalizados não podem comprometer o enfrentamento de um desafio tão essencial para o futuro do país. Não é positiva a postura do tipo “há governo, sou contra” ou o grevismo permanente. É preciso que os governantes procurem oferecer os melhores salários e as melhores condições de trabalho possíveis, mas dentro da realidade orçamentária concreta.

A revolução educacional é urgente. O Brasil tem pressa. E essa é tarefa de toda a sociedade.

(*) Marcus Pestana é deputado federal pelo PSDB-MG. Artigo publicado no jornal “O Tempo” em 12/09. E-mail: contato@marcuspestana.com.br

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13 setembro, 2011 Artigosblog 1 Commentário »

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