Refém da base aliada


Dilma não convence ao defender controle da corrupção no governo, avaliam deputados

Os deputados Vanderlei Macris (SP) e Domingos Sávio (MG) avaliam que a presidente Dilma Rousseff, em entrevista ao “Fantástico” no domingo (11), demonstrou também ser culpada pelos escândalos de corrupção que atingem o governo, mas não admitiu ser refém da base no Congresso. Para eles, a faxina ética é apenas factoide.

A petista negou no programa que exista uma relação de “toma lá dá cá” com seus aliados, mas, conforme destacaram os tucanos, os fatos evidenciam o contrário. Um exemplo é a manutenção de ministros mesmo após graves denúncias, como no Turismo e nas Cidades.

Segundo a presidente, os ministros afastados não teriam saído necessariamente por conta de fraudes. Para Macris, essa declaração não condiz com a realidade, já que Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e Wagner Rossi (Agricultura) deixaram seus cargos após divulgação de envolvimento em irregularidades.

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“O governo simplesmente reage às denúncias feitas, pois não tem uma postura que possa ser considerada ética do ponto de vista da gestão. As questões de corrupção são endêmicas e não há ação específica para controlar isso”, apontou Macris. Quanto à relação da presidente com os aliados, o parlamentar afirma que o esquema de apoio em troca de espaço existe e, quando há alguma ameaça, a reação é imediata.  “É uma base dispersa que tem apenas interesses corporativos dentro da máquina do Estado”, criticou.

Para Domingos Sávio, Dilma tenta esconder a verdade quando o assunto é corrupção. “Na prática, o que ocorreu foi isso: ela não fez mesmo nenhuma faxina. Foi atropelada pelos fatos. O triste é ela tentar tapar o sol com a peneira como se não houvesse problemas e nem a ocupação de espaços políticos em troca de apoio no Congresso”, destacou.

De acordo com o deputado, se a presidente fez as nomeações sem sofrer pressão, como tentou passar na entrevista, “é importante que assuma também a responsabilidade sobre as irregularidades que estão ocorrendo no país”.  Na opinião do tucano, a reportagem foi muito branda e serviu de “horário eleitoral gratuito” para a petista. Segundo ele, faltaram importantes perguntas e Dilma não deu as explicações necessárias à sociedade.

Confira trechos da entrevista:

→ “A luta contra a corrupção é um dos ossos do ofício de presidenta.”

→ “Faxina você faz às 6h da manhã e às 8h ela acabou. A atividade de controle do gasto público, na atividade presidencial, jamais se encerra. (…) Minha querida, por isso que não é faxina, viu? Você não acaba com a corrupção de uma vez por todas. Você a torna cada vez mais difícil.”

→ “Você me dá um exemplo do ‘dá cá’ que eu te explico o ‘toma lá’ (…) Eu não dei nada a ninguém que eu não quisesse. Nós montamos um governo de composição. Caso não seja um governo de composição, nós não conseguimos governar.”

→ “Não acho que sou refém. Tem que ter muito cuidado no Brasil para a gente não demonizar a política. (…) A minha base aliada é composta de pessoas de bem.”

(Reportagem: Djan Moreno/Fotos: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)

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12 setembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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