Reforma política começa com prévias, por Ricardo Tripoli


O PSDB é dono de indiscutível herança de ideais. O PSDB tem os atributos para dar o exemplo. Antes, havia um silêncio incômodo na regência das relações internas do partido. Incômodo e não consentido. O fenômeno que proliferava entre todos nós era, tão somente, a espera. Hoje, nós já podemos gritar que somos donos do nosso destino. Ou poderemos construí-lo. No dia 4 de julho deste ano, protocolei no diretório municipal do PSDB minha intenção de disputar as prévias do partido, que vão escolher o candidato a prefeito de São Paulo. Minha ambição sustenta-se na valorização dos filiados, a quem devemos tanto respeito quanto transparência. Agora, parece, as prévias acenderam um sinal de alerta em quem está nos gabinetes.

É preciso sentir o pulso dos diretórios do PSDB. Na carta que enviei aos filiados do partido quando me inscrevi determinado a participar do processo, afirmei que “as prévias são uma receita de convívio sem nódoas”. Contei com mais de 200 assinaturas de apoio.

Há o que contestar? Há o que burlar? Há o que esperar? É confortável receber um nome de cima para baixo, imposto? Tantos que somos e não temos autonomia? Tanto que fizemos, e temos que abaixar a cabeça? Tanto que precisamos fazer, e vamos continuar à espera de comandos? Nós não somos os legítimos donos do PSDB? Todos nós? Ou apenas alguns? As prévias modificam todas as nossas perspectivas. Uma reflexão consistente nos leva a duas constatações: uma inclui-se na importância de São Paulo. E atesta que devemos ter arrojo e visão crítica para o desafio de continuar melhorando a cidade.

A outra, estridente demonstração do óbvio, nos diz que não podemos perder o vigor semeado pelas lideranças que estiveram na fundação do PSDB.

Ambas as reflexões empurram para o campo aberto das prévias. O jogo da articulação política dentro do PSDB vem acompanhado de eufemismos. Para a escolha do nosso candidato a prefeito de São Paulo em 2012, não há meias palavras. Não há palavras impermeáveis. A palavra é: prévias.

É próprio do cenário da política o encontro de pensamentos variados. O confronto de discursos antagônicos. Mas não é próprio nem deve ser eterno o uso de subterfúgios que desprezem a militância. A base é a consciência do partido.
O verdadeiro líder não é o que manda porque pode. É aquele que orienta porque tem a confiança dos seus. A questão das prévias dentro do PSDB é uma inspiração. Tenho defendido as prévias como um argumento originário da democracia, e ponto final.

O filiado é o verdadeiro senhor das decisões. Sem ele, o partido mingua. Sem ele, o corolário de intenções do partido arrefece. As prévias, que tanto reclamo, são a mais pura e contundente demonstração de que os filiados são respeitados em sua íntegra plenitude.

Portanto, PSDB, prévias urgentes. Sem palavras distorcidas.

(*) Ricardo Tripoli é advogado, ambientalista, deputado federal e pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB. Artigo publicado na “Folha de S. Paulo” em 06/09/11. (Foto: Paula Sholl)

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6 setembro, 2011 Artigosblog Sem commentários »

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