Enfraquecimento perigoso


Deputados pedem medidas urgentes para conter processo de desindustrialização

Os deputados Valdivino de Oliveira (GO) e Antonio Carlos Mendes Thame (SP) afirmaram nesta terça-feira (6) que desde o anúncio dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) publicados na semana passada, ficou claro que a indústria brasileira enfrenta um momento de instabilidade, ocasionado por fatores como câmbio valorizado e restrição ao crédito. Os tucanos defendem medidas urgentes para frear o desemprego e a diminuição da produção de riquezas.

A suspensão temporária da fabricação de vários itens, o anúncio de férias coletivas de montadoras de automóveis e a demissão de funcionários em outros setores comprovam o processo de desaceleração. A solução, segundo eles, passa pela revisão da supervalorização do Real, mecanismo que impulsiona a importação e prejudica as exportações, além do incentivo ao crédito para a área, com redução dos juros e da já elevada carga tributária.

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“Com a moeda aquecida, as importações de bens industrializados ficam mais baratas, o país recorre a esses produtos e abandona os nacionais. Temos ainda uma carga muito alta sobre a produção, o que estabelece uma concorrência desleal”, explicou Valdivino. Economista, o tucano defende uma taxa de câmbio variável. “Talvez essa fosse uma saída para a economia.”

“Esse processo vem correndo solto. É uma doença insidiosa e traiçoeira, que vem fechando fábricas, destruindo vagas e impedindo o crescimento do parque industrial”, avaliou Mendes Thame. Ele ressalta que estimativas apontam para total de 500 mil vagas de emprego perdidas nos últimos anos por causa de problemas como desequilíbrio do câmbio, falta de incentivo ao desenvolvimento tecnológico e dificuldades no custo de produção com a elevada quantidade de impostos e os gargalos da infraestrutura.

Na sexta-feira (2), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou crescimento de 0,8% do PIB no segundo semestre, comprovando a expectativa dos analistas de ritmo lento da economia. Na indústria, o aumento foi de 0,2%, demonstrando pouco fôlego da atividade. Para piorar, o mercado aponta que a soma das riquezas produzidas pelo país em 2011 deve ficar abaixo dos 4,5% previstos pelo Planalto. Segundo Boletim Focus divulgado nesta semana, a estimativa passou de 3,79% para 3,67%.

Cenário de instabilidade

→ Nesta semana, o mercado deu algumas demonstrações do cenário descrito pelos tucanos. A desaceleração nas vendas de carros novos, devido a restrições ao crédito e concorrência dos importados, fez as montadoras pisarem no freio e reduzir a produção em muitas de suas fábricas. Volkswagen, Fiat, Ford e Scania anunciaram ontem que vão suspender temporariamente a produção em algumas unidades e darão férias coletivas aos empregados. A LG Electronics cortou 200 trabalhadores da fábrica de celulares e monitores de Taubaté (SP). A empresa mantém também 800 funcionários em licença remunerada até sexta-feira.

→ Segundo Mendes Thame, as atitudes do governo em relação ao problema são mínimas e não produzem os resultados que o país precisa.  “Não é apenas o industrial que sofre. Perdem também os funcionários, que ficam sem seus empregos, o próprio governo, que deixa de arrecadar, e a sociedade.”

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)

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6 setembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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