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Resolução petista busca desviar o foco da crise que assola o governo, alertam parlamentares

No momento em que o governo Dilma vive o auge da crise, o PT aprova uma resolução política para desviar o foco das irregularidades. A avaliação é dos deputados Antonio Imbassahy (BA) e Raimundo Gomes de Matos (CE). No documento, o partido defende o enfrentamento aos meios de comunicação e minimiza o combate às fraudes, além de desprezar as instituições da democracia.

De acordo com o texto, “nunca antes na história deste país a corrupção foi combatida com tanta profundidade e sem protecionismos partidários como nos governos Lula e Dilma”. A frase foi divulgada ontem (4), mesmo dia em que o jornal “Folha de S.Paulo” revelou que R$ 40 bilhões foram desviados dos cofres públicos em sete anos. Os recursos poderiam, por exemplo, reduzir à metade o número de casas sem saneamento.

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Imbassahy lamentou o fato de os principais líderes do PT afirmarem que a corrupção já foi combatida. “Os fatos mostram o contrário. Nunca se viu na história do Brasil tanta corrupção acumulada no governo petista”, condenou. “A matéria mostra que cerca de R$ 40 bilhões foram subtraídos da população por conta da corrupção. A cada momento novas denúncias aparecem”, disse.

O deputado reiterou que a resolução é uma tentativa inútil de desviar a atenção da população. “Vivemos em um momento em que o governo está praticamente contaminado por tantas fraudes”, resumiu.

Gomes de Matos, por sua vez, disse que o PT é especialista em dizer uma coisa e fazer outra. “No momento em que observamos o nível de corrupção que se instalou no Brasil, que já compromete R$ 40 bilhões, faz com que não acreditemos mais nas declarações e propostas do Partido dos Trabalhadores, que sempre pregou a ética. É triste ver uma resolução nesse sentido querendo amordaçar a população e a imprensa”, ressaltou.

Trechos do documento:

“Mais que um desafio, combater sem tréguas a corrupção é um compromisso inarredável do PT e do nosso governo, que há de ser honrado sem desconstituir o Estado de Direito ou sonegar as garantias individuais. Sem esvaziar a política ou demonizar os partidos, sem transferir, acriticamente, para setores da mídia que se erigem em juízes da moralidade cívica, uma responsabilidade que é pública, a ser compartilhada por todos os cidadãos”.

“Nunca antes na história deste país a corrupção foi combatida com tanta profundidade e sem protecionismos partidários como nos governos Lula e Dilma. Eis por que a corrupção, enrustida historicamente na política e arraigada no estado clientelista que herdamos, hoje se torna pública e evidente. O enfrentamento da corrupção, para além de tudo o que se fez e se faz agora, sob o governo da presidenta Dilma, exige medidas abrangentes, cujo núcleo reside na reforma política e na reforma do Estado. Um Estado aberto ao controle social e à participação popular; e um sistema político-eleitoral livre do financiamento privado”.

Prejuízo

→ Segundo a reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, os R$ 40 bilhões perdidos com a corrupção poderiam elevar o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família ou reduzir à metade o número de casas sem saneamento – no total, cerca de 25 milhões de moradias.

→ O montante apurado faz com que escândalos políticos de grande repercussão pareçam pequenos. Na Operação Voucher, que derrubou parte da cúpula do Ministério do Turismo, por exemplo, a Polícia Federal estimou o prejuízo em R$ 3 milhões. Os desvios também afetam a capacidade de o país crescer e gerar empregos.

→ Entre 139 países, o Brasil conseguiu apenas a 127ª posição no quesito confiança nos políticos. Em 2010, a nota brasileira para esse item foi 1,8, sendo que a avaliação mais baixa é 1, e a mais alta, 7.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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5 setembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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