Exoneração milionária


PSDB pedirá ao Ministério Público que investigue Gleisi Hoffmann

O PSDB vai protocolar na próxima semana representação na Procuradoria Geral da República contra a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. O pedido foi motivado por denúncia de que a ministra teria recebido indevidamente R$ 41 mil ao transformar sua “exoneração a pedido” em demissão, em 2006, quando ocupava o cargo de diretora financeira de Itaipu. A manobra permitiu que ela, além do recebimento de férias proporcionais, resgatasse os 40% de indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), a petista se beneficiou do pagamento de indenização que não lhe era devida, ato que pode configurar improbidade administrativa e peculato.  “Como diretora financeira, ela pagou a si própria. Isso precisa ser investigado.”

Em uma semana, essa é a segunda denúncia contra a ministra, acusada ainda de usar jatinho de empreiteira que tem contrato com o governo durante a campanha eleitoral de 2010. Na avaliação dos deputados Carlos Roberto (SP) e César Colnago (ES), Gleisi precisa quebrar o silêncio e dar uma explicação à sociedade.

“Como agente público, principalmente como ministra, ela não deve deixar dúvida alguma no ar e precisa se explicar publicamente”, defendeu o parlamentar pelo estado de São Paulo.  O tucano afirma que o PSDB já discute a possibilidade de cobrar de Gleisi explicações no Congresso. Ontem (24), Nogueira avisou que enviaria requerimento de informação à ministra sobre seus gastos com tráfego aéreo durante campanha ao Senado em 2010.

Carlos Roberto acredita que as acusações são apenas “a ponta do iceberg” da corrupção. “Isso é só o que estamos vendo e lendo, imaginemos então como funciona essa ‘máquina’ dirigida pelo PT, que, para os amigos, dá tudo, até o que a lei não concede. É um absurdo total”, criticou.

Para Colnago, a atitude de Gleisi ao deixar Itaipu não foi condizente com a conduta ética esperada de alguém com a função que ela tinha. “Isso mostra que o modus operandi do PT não tem limites. São pessoas que se aproveitam de tudo que podem em interesse próprio. Esse comportamento não condiz com as pessoas em funções públicas”, reprovou.

Por meio de um acordo com o comando de Itaipu, Gleisi trocou o pedido de demissão pela exoneração. Com isso, recebeu, além de férias proporcionais, os 40% de indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), além de poder sacar o valor aplicado, que pode ter chegado a pelo menos R$ 104 mil. Ou seja, o “acerto” rendeu a ela cerca de R$ 145 mil em 2006.

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que também dirigiu a binacional, disse ter recebido proposta para ser exonerado quando pediu para sair da empresa, em junho de 2004, mas preferiu recusar a oferta, que chegaria a R$ 50 mil, por entender que seu cargo não era para ganhar dinheiro. “Vemos a diferença da atitude no trato com o erário, com a coisa pública. Entendo que não há ressarcimento para quem está em cargo público. Isso que ela fez é não ter nenhum respeito às leis”, disse Colnago, ao cobrar apoio para instalação da CPI da Corrupção.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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25 agosto, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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