Prioridades invertidas


Para tucanos, crítica de Dilma sobre o uso de algemas em operação da PF é absurda

Os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Fernando Francischini (PR) consideram absurda a crítica da presidente Dilma Rousseff em relação ao uso de algemas na Operação Voucher, da Polícia Federal. Na última semana, foram presas 36 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de corrupção no Ministério do Turismo. Diante de sucessivos escândalos no governo, os parlamentares lamentaram o fato de a petista mostrar mais preocupação com as algemas do que com as prisões.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal divulgou uma nota contestando as críticas. A entidade lamenta que as irregularidades tenham atingido níveis inimagináveis no Brasil e que altos executivos da administração pública, quando não são presos, são demitidos por falcatruas. “De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos”, diz trecho do documento.

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Na avaliação de Gomes de Matos, Dilma deveria aplaudir a ação da PF e dar apoio à estrutura da polícia, além de mais autonomia. “A presidente deveria se preocupar com a falta de desenvolvimento do país, a crise que se instala no Brasil, a execução pífia do Programa de Aceleração do Crescimento e em diminuir a gastança ao invés de se preocupar com uso ou não das algemas”, avaliou. “Ela poderia melhorar os indicadores sociais e fazer os investimentos necessários para garantir o desenvolvimento do país”, completou.

O tucano acredita que a crítica foi uma estratégia para desqualificar a atuação da PF. “Ela quer inibir a ação da instituição. O grande problema é esse: tentar fazer com que a PF fique intimidada. Acredito que a polícia não vai se inibir em virtude dessas declarações”, ressaltou.

Francischini acredita que a presidente quer tirar o foco da operação da polícia, que, na sua opinião, está combatendo a corrupção e fazendo um grande trabalho. “O uso de algemas é um instrumento de proteção da vida dos policias e da própria pessoa que está sendo presa. É um absurdo a Presidência ou o ministério perderem tempo criticando o uso e esquecendo-se de tampar os buracos que a corrupção tem feito no governo federal”, afirmou.

A frase:

“A Polícia Federal é uma instituição de Estado e não da Presidência. Essa é uma estratégia muito rasteira de tentar desqualificar uma instituição que tem um respaldo na opinião pública. É preciso apoiar a ação da PF e exigir que ela tenha autonomia administrativa e financeira para continuar com as ações de combate à corrupção.”
Deputado Fernando Francischini (PR)

Desqualificar o trabalho

→ A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal esclareceu que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa.

→ “É uma pena que aqueles que se dizem “estarrecidos” com a “violência pelo uso de algemas” não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as à morte”, diz parte do documento.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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15 agosto, 2011 Últimas notícias 1 Commentário »

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