Propostas engavetadas


Centralização de projetos reforça desconfiança da presidente com equipe que ela mesma montou

Os deputados Wandenkolk Gonçalves (PA) e Raimundo Gomes de Matos (CE) avaliam que o perfil centralizador da presidente Dilma Rousseff em relação aos projetos de interesse do país só reforça a desconfiança com a equipe da petista. Além das denúncias de corrupção na Esplanada, várias propostas dos ministérios estão emperradas por causa dessa postura dela, que quer olhar tudo com lupa.

Wandenkolk afirma que a característica não espanta. “Ninguém deveria se surpreender com o perfil administrativo, político e de liderança. Na campanha, colocamos o assunto de maneira clara. O que incomoda é que a maioria dos partidos da base aliada é fisiologista. Não discute programa de governo”, afirmou.

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Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” mostra que parlamentares da base e ministros começam a dar sinais de desconforto com o jeito Dilma de gerenciar. Na visão dos aliados, o governo mostra desorientação e corre riscos desnecessários. Para os tucanos, a presidente está preocupada em mandar, ao invés de administrar o Brasil.

Gomes de Matos ressaltou que a presidente está engessada, sem uma equipe que dê celeridade à execução dos projetos. “O país está emperrado. Cada vez mais se descobre níveis de corrupção a partir da esfera federal”, apontou. Segundo o deputado, Dilma montou a equipe, mas ela não tem controle sobre o grupo. Isso porque muitos ministros, recorda, foram indicados pelo ex-presidente Lula, comprovando a falta de autonomia.

Entre os projetos travados encontra-se a regulamentação da venda de terras a estrangeiros. Ele está parado na Advocacia Geral da União (AGU) porque Dilma quer discutir artigo por artigo da lei. O Plano Nacional de Banda Larga tem pendências em negociação com as telecomunicações. Já o Código de Mineração, com elevação das alíquotas dos royalties, está em discussão desde o fim do governo Lula no Ministério de Minas e Energia.

Questionado pela falta de confiança da presidente em sua equipe, Wandenkolk ponderou: “O perfil dela é centralizar tudo. Foi assim na Casa Civil e não será diferente como presidente. Dilma acha que o comando é exclusivo dela. Pelo fato de desconfiar da administração pública, trouxe para si a responsabilidade”.

Insatisfação

→ Os ministros são os mais incomodados. Depois de demitir Alfredo Nascimento (Transportes) e Nelson Jobim (Defesa), Dilma reforçou o estilo centralizador e a paralisia aflige os ministros. Uma série de projetos aguarda o aval da presidente.

→ Em quase todos os ministérios há projetos esperando autorização da petista. No Ministério da Justiça, até agora não entraram em operação os Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant). A proposta é colocá-los em operação no fim de agosto ou em setembro.

→ Aguarda ainda o projeto que visa acabar com a superlotação carcerária no país. Mas o disciplinado ministro José Eduardo Cardozo cumpre a regra do silêncio.

→ Há outros exemplos de propostas nos escaninhos do Planalto e em fase de discussão com a presidente, como o projeto de regulamentação da venda de terras a estrangeiros, as propostas de inovação tecnológica, a Lei Geral da Copa e o prometido Sistema Nacional de Defesa Civil.

A frase:

“A oposição vai continuar cobrando. Não é justo que alguns projetos como da PEC 300 e da regulamentação da Emenda 29, aguardando votação do plenário da Câmara, a presidente venha dizer que não vai colocá-los em pauta. Ela é maior do que o Congresso? Isso é desrespeito, uma conduta antiética.”

Deputado Wandenkolk Gonçalves (PA)

(Reportagem: Letícia Bogéa / Fotos: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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8 agosto, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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