Blindagem


Deputados criticam reação contraditória de Dilma em escândalo na Agricultura

As denúncias contra o Ministério da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) geraram, no governo, um efeito diferente das suspeitas nos Transportes. O Planalto aceitou a pressão do PMDB para blindar o ministro Wagner Rossi, apadrinhado do peemedebista Michel Temer, vice-presidente. Na avaliação de tucanos, a postura de Dilma Rousseff no combate à corrupção é contraditória e revela o medo da petista em relação às possíveis reações do partido aliado caso exonere o ministro e outros envolvidos.

“Isso mostra timidez e medo, mostra que a presidente está jogando para a plateia, com medo da reação do PMDB. A oposição vai enfrentar essa discussão e exigir que ela tome uma posição para resgatar a moral da nação. É uma grande incoerência o que Dilma está fazendo”, criticou o deputado Vaz de Lima (SP).

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Para líder do PSDB na Câmara, demissão na Agricultura reforça necessidade de investigação

Segundo o parlamentar, o mínimo que deveria ser feito era repetir as mudanças feitas no Ministério dos Transportes, reduto do PR, com a demissão de mais de 20 funcionários e do próprio ministro. Para ele, a presidente age diferente com a Agricultura porque colocou a aliança com o PMDB acima dos interesses da nação.

Na avaliação de Wandenkolk Gonçalves (PA), a petista só faz o combate às irregularidades no momento em que convém. “A sua postura dita de retidão e caráter, de perfil duro e intransigente contra a corrupção, é seletiva, pois aquilo que ela fez no Dnit, já não teve a coragem e a predisposição de fazer no Ministério da Agricultura que sofre das mesmas denúncias”, apontou.

Alfredo Kaefer (PR) avalia que, com ou sem o conhecimento de Wagner Rossi, os escândalos continuam.  “Cabe a nós intensificar ainda mais os pedidos de informação e buscar saber ao certo como anda a administração pública federal. Ao que se percebe existe uma bandalheira espalhada para tudo quanto é lado”, afirmou, ao destacar que o tratamento diferenciado em relação às pastas envolvidas em denúncias demonstra que existem brigas internas na base do governo.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), já anunciou que o partido apresentará requerimentos nas Comissões da Câmara para que os responsáveis diretos de toda a cadeia por onde tramitam as licitações no Ministério da Agricultura prestem esclarecimentos sobre as ações de controle e fiscalização – entre eles o assessor especial de controle interno do Mapa, o responsável pela Comissão de Licitações, e o próprio Ortolan. Também será reapresentado requerimento de convocação ao ministro da Controladoria-Geral da União (CGU ), Jorge Hage.

Lobista atuante

→ Depoimentos de funcionários e empresas, e até mesmo fotos divulgadas pela revista “Veja” comprovam a atuação dentro do ministério do lobista Júlio Fróes em favor de determinadas empresas com o aval de Milton Ortolan, secretário-executivo da pasta e braço direito de Wagner Rossi. Ortolan foi o único até o momento a ser demitido.

→ Além disso, Rossi tem usado em seu gabinete funcionários não concursados da Conab, o que desfalcou setores importantes da estatal, que também se tornou verdadeiro cabide de emprego para apadrinhados e parentes de peemedebistas. O loteamento começou quando o ministro ainda dirigia a estatal e aumentou o número de assessores de 6 para 26. Receberam cargos, entre outros, um filho de Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado; a ex-mulher do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara; um neto do deputado federal Mauro Benevides (CE); e um sobrinho de Orestes Quércia, ex-governador e ex-presidente do PMDB de São Paulo, que morreu no ano passado.

(Reportagem: Djan Moreno/Fotos: Paula Sholl)

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8 agosto, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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