Abalo na economia


País precisa aplicar medidas mais severas para enfrentar dificuldade econômica, avaliam tucanos

Economistas, os deputados Rogério Marinho (RN) e Valdivino de Oliveira (GO) acreditam que o Brasil tem condições de enfrentar a crise econômica que abala bolsas de valores em vários países. Mas, para isso, o governo precisa conter a supervalorização do real e diminuir as taxas de juros.

Na avaliação de Marinho, o governo perdeu oportunidades de investir na infraestrutura e enfrentar a desindustrialização e, portanto, o Brasil não está imune às oscilações no setor. “O país precisa adotar medidas duras, mas que não penalizem ainda mais a população, que estimulem o setor produtivo e melhorem a situação de competitividade interna em um ambiente externo extremamente hostil. Não acredito que o Brasil esteja totalmente frágil, mas poderia estar em uma situação muito melhor se as oportunidades não tivessem sido perdidas”, declarou.

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Marinho destacou a importância da realização da reforma tributária e cortes nos gastos do Estado, como a redução no número de ministérios, cargos comissionados, diárias e divulgação institucional.

Segundo Valdivino de Oliveira, o Planalto se preocupou em elevar a taxa de juros para combater a inflação e esqueceu que isso causaria um desequilíbrio no comércio exterior. “Se tivéssemos juros de primeiro mundo, essa crise internacional não atingiria a economia. Talvez o ponto mais frágil esteja na taxa e na supervalorização do real”, explicou.

“É preciso que o país esteja livre de qualquer possibilidade de ser afetado por essa crise, volte o caminho da industrialização, da produção e principalmente de uma taxa de juros mais civilizada e o câmbio mais compatível com a necessidade de aumentar as relações de troca com o resto do mundo”, acrescentou. O parlamentar lembrou que o Brasil tem uma estrutura macroeconômica forte graças ao Plano Real, de Fernando Henrique Cardoso.

Nesta terça-feira (9), às 15h, o plenário da Câmara, se transformará em comissão geral, com a presença de ministros da equipe econômica, que explicarão as medidas adotadas para conter o impacto, no Brasil, da crise fiscal dos Estados Unidos e da Europa.

Os deputados esperam que o governo explique como pode melhorar a situação a médio e longo prazo. “A expectativa é que expliquem quais foram os critérios utilizados para não beneficiar a indústria como um todo e não fazer as reformas que o país precisa”, disse Marinho.

Dia de quedas

→  Segundo a “Folha.com”, o dia nos mercados financeiros foi de fortes quedas, como previsto por analistas desde a última sexta-feira (5). No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve a pior queda desde outubro de 2008, caindo 8,08%. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones registrou a pior desvalorização desde dezembro do mesmo ano: 5,5%.

→ Em artigo ao jornal “O Tempo”, o deputado e também economista Marcus Pestana (MG) destacou os aspectos positivos da economia brasileira, mas fez um alerta: “Temos a maior taxa de juros real do mundo, que atrai dólares e resulta em moeda extremamente valorizada e em perda de competitividade de nossas exportações. Há uma clara desindustrialização e nossas exportações são sustentadas por produtos primários, que usufruem de preços momentaneamente favoráveis. A equação fiscal ainda é precária e a taxa de investimento baixíssima.”

→ Para Pestana, o governo toma medidas pontuais, mas não realiza reformas profundas para “desatar os nós do crescimento”. “Ou fazemos o dever de casa, preparando o futuro, ou podemos ver escoar pelo ralo as conquistas alcançadas nos últimos 17 anos”, escreveu.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)

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8 agosto, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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