Colheita bichada


Há muito tempo não se via tantas rapinagens na máquina pública como no governo do PT

O rol de denúncias de corrupção a investigar no governo federal só cresceu ao longo dos últimos dias. Como destaca a Carta de Formulação e Mobilização Política do Instituto Teotonio Vilela desta segunda-feira (1), neste fim de semana foi a vez do Ministério da Agricultura estrear na ribalta de escândalos do governo Dilma Rousseff. Na lista também estão o Ministério das Cidades, o BNB, a Codevasf e a Funasa, para citar apenas alguns casos. “Há muito tempo não se via tantas rapinagens incrustadas na máquina pública, tudo devidamente ressuscitado pelo petismo”, diz trecho do documento. Leia abaixo a íntegra.

O Congresso retoma os trabalhos nesta semana com uma triste constatação: o rol de denúncias de corrupção a investigar no governo federal só cresceu ao longo dos últimos dias. O Ministério dos Transportes, mais especificamente o Dnit, continua funcionando como uma usina de irregularidades, mas já encontra concorrentes à altura na Esplanada.

Neste fim de semana, foi a vez do Ministério da Agricultura estrear na ribalta de escândalos do governo Dilma Rousseff. Em entrevista à revista Veja, Oscar Jucá, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a corrupção na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) “é pior do que no Dnit”.

O padrão repete-se: loteamento de órgãos públicos para desviar recursos para partidos políticos aliados ao petismo. No caso da Agricultura, o PMDB e o PTB. O ministro Wagner Rossi, segundo Oscar Jucá, comandaria o esquema e teria, inclusive, lhe ofertado propina em troca de silêncio. O que é certo nesta história é que nela não há querubins.

A colheita bichada não é, porém, exclusividade da Agricultura. A revista IstoÉ revelou outra central de falcatruas: o Ministério das Cidades. Feudo do PP, a pasta dispõe de orçamento com nada menos que R$ 7,6 bilhões em investimentos previstos para este ano. É a terceira maior cifra da Esplanada e alvo de cobiça dos comensais do condomínio petista.

O ministério dominado pelo Partido Progressista é acusado de liberar verba para obras consideradas irregulares pelo TCU. Obras tocadas por empresas que fizeram generosas doações eleitorais para os “progressistas”. A ponte entre o Ministério das Cidades e os pepistas não poderia ser mais concreta: o secretário nacional de Saneamento da pasta e o tesoureiro do PP são a mesma pessoa, Leodegar Tiscoski.

Há muito tempo não se via tantas rapinagens incrustadas na máquina pública. O PT ressuscitou um modus operandi que a sociedade conseguira extirpar do aparato estatal, ou pelo menos reduzira muitíssimo, com a depuração que se seguiu ao regime militar, aos anos de descalabro do governo José Sarney e à verdadeira farra do boi protagonizada por Fernando Collor. Está tudo de volta, piorado.

São raros os órgãos públicos que não obedecem hoje à lógica do loteamento político. O interesse público foi inteiramente submetido à dominação partidária. O poder foi tomado de assalto e sai-se melhor quem consegue pilhar mais. Não há faxina cosmética que dê conta disso.

Em sua edição de ontem, o jornal O Globo mostrou mais instituições públicas soterradas em escândalos. O BNB está sob domínio de petistas cearenses envolvidos em negócios suspeitos. Generoso com devedores, o banco deixou de cobrar dívidas de R$ 1,5 bilhão.

Já a Codevasf é disputada por petistas e socialistas piauienses por administrar a bilionária obra da transposição do rio São Francisco. O que atrai os comensais é um contrato de R$ 3,9 bilhões que deve ser engordado em pelo menos mais R$ 1 bilhão por conta de aditivos – a melhor oportunidade de negociata que existe na praça.

Completa a lista d’O Globo a Funasa. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal têm em mãos munição para investigar desvios de recursos na compra de combustível e no pagamento de horas de voo na região amazônica, sem contar gastos irregulares em convênios sem prestação de contas do órgão.

Mas o Dnit, claro, não poderia ficar fora da nova leva de irregularidades. Segundo a edição de domingo de O Estado de S.Paulo, obras administradas pelo órgão já encareceram R$ 2,6 bilhões, muitas delas acima do limite legal de 25%. Entre 1.807 contratos ativos, 107 apresentam aditivos que duplicaram o valor inicial dos contratos.

É certo que os parlamentares gostariam de se dedicar a uma agenda que impulsionasse o desenvolvimento do país e o preparasse melhor para as tempestades que se avizinham. Mas ela não existe. Não há avanço possível sob o peso da corrompida estrutura estatal que mina o poder público. Só uma limpeza geral, do primeiro ao último escalão, poderia dar conta disso.

(Fonte: ITV)

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1 agosto, 2011 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Colheita bichada”

  1. ivete disse:

    Este pais de alguma forma tem que ser passado a limpo….e ate agora nao observo criticas incisivas da oposisao….o momento e agora.
    22 mil cargos de confianca no governo e o peleguismo ultrapassado em moda e o fim
    ivete

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