Tratamento diferenciado


Dois pesos, duas medidas: faxina nos Transportes preserva diretor petista

Único petista na chefia do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Hideraldo Caron sobrevive à série de demissões no Ministério dos Transportes e órgãos vinculados. O tratamento diferenciado para o colega de partido da presidente Dilma Rousseff é preocupante, na avaliação dos deputados Fernando Francischini (PR) e Carlos Alberto Leréia (GO). Na quarta-feira (20), mais três funcionários do setor foram exonerados. De acordo com o jornal “O Estado de S.Paulo”, das 16 pessoas afastadas, 13 têm vínculo com o Partido da República.

Caron atua como diretor de Infraestrutura Rodoviária e é responsável por autorizar o aumento no valor de contratos em andamento. A duplicação da BR-101 recebeu atenção especial do petista, que aprovou acréscimo de R$ 115,7 milhões (73% do previsto) na construção de um túnel. “O governo federal vem protegendo um dos seus filiados, o Caron, que é o único diretor que permanece no Dnit. Se os outros foram demitidos como se fosse um paredão, queremos saber como ele continua lá e nem foi cobrado pela presidente”, disse Francischini.

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Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que o superfaturamento pode chegar a R$ 80 milhões em seis obras tocadas pelo ministério. Segundo o portal “G1”, o PR não esconde mais o descontentamento pela onda de demissões que afetou o partido. A legenda alega que o PT também participou de decisões da pasta, por isso deve dividir a responsabilidade. “É mais uma insensatez desse governo, manter no cargo um diretor que é ligado ao PT e exonerar funcionários de um outro partido como se fossem descartáveis. Acho que é um tratamento diferenciado”, completou  o tucano.

Para Leréia, o afastamento de integrantes do PR não altera a necessidade de apurar as denúncias. “Isso do nome que está no cargo, se é A, B, ou C, é o de menos. Como são postos importantes, tem que demitir e já colocar uma pessoa no lugar. E as mudanças não podem atrapalhar o andamento das obras”, avaliou.

Levantamento da “Folha de S. Paulo” mostrou que Caron fez 119 viagens oficiais pagas pelo Dnit desde 2005. Do total, 82 foram para o Rio Grande do Sul, seu Estado de origem. O diretor afastado do órgão, Luiz Antônio Pagot, visitou a região apenas uma vez desde 2007, quando assumiu. “Isso é um grave indício de improbidade administrativa. Ou ele virou o grande fiscalizador do Estado, ou estava usando viagens oficiais para visitar sua casa”, afirmou Francischini.

(Fotos: Paula Sholl/Áudio: Kim Maia)

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21 julho, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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