Derrota previsível


Fracasso de leilão do trem-bala é fruto da megalomania do governo federal, avaliam tucanos

O deputado Antonio Imbassahy (BA) afirmou nesta terça-feira (12) que o fracasso no leilão do Trem de Alta Velocidade (TAV) já era esperado. O tucano considerou a derrota absolutamente previsível, uma vez que é uma obra inviável, fruto da megalomania do governo federal. Segundo ele, o projeto custará caro e, se for orçado em mais de R$ 23 bilhões, haverá desembolso de dinheiro público.

O leilão do trem-bala estava marcado para 29 de julho, mas o limite para a entrega das propostas era até as 14h de segunda-feira (11). A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) noticiou que não houve interessados no empreendimento, que pretende ligar Campinas (SP), São Paulo e Rio de Janeiro.

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ITV: no sonho petista, o trem-bala pode se revelar um trem pagador recheado de dinheiro

“Os metrôs estão com as obras interrompidas, os portos sem modernização, os aeroportos atrasados e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não anda. E mesmo assim, o governo insiste em um projeto que não tem nenhuma prioridade”, reprovou Imbassahy.

O trem-bala começou orçado em R$ 19 bilhões, já é estimado em R$ 33 bilhões, mas poucos creem que seja possível fazê-lo por menos de R$ 55 bilhões, segundo o Instituto Teotônio Vilela (ITV). Para o tucano, a presidente Dilma não está buscando formas eficientes de investir o dinheiro. “É impossível imaginar que o governo, vendo que o Brasil precisa de tantas obras de infraestrutura, venha dedicar mais de R$ 25 bilhões para um projeto que não tem nenhum tipo de interesse”, resumiu.

O deputado Alberto Mourão (SP), por sua vez, acredita que mesmo com o subsídio do financiamento, a equação não fecha e falta interesse de implantar o veículo. “O governo está insistindo demais em algo que não vai dar certo. Se é para subsidiar, é melhor investir no setor de ferrovia e transporte de carga, que é fundamental”, avaliou.

Já o Vanderlei Macris (SP) avalia que o descrédito dos consórcios estrangeiros evidencia a “incompetência do governo Dilma Rousseff”. Para o tucano, o desinteresse pelo TAV brasileiro corrobora um projeto deficiente da gestão petista.

O parlamentar destaca que empresas da Coreia, Japão, França e China desistiram de participar da empreitada. “Não estamos mais em campanha eleitoral. É preciso seriedade, profissionalismo, e agora não será fácil contornar a desconfiança. Se não houver comprometimento nesse processo, não haverá alternativa para o transporte no Brasil, mas precisamos, também, não permitir abusos com o dinheiro público na instalação do TAV”, concluiu Macris.

A frase:

“É importante priorizar outras áreas de transporte. Para fazer 80km de metrô seriam necessários R$ 25 bilhões. Ou seja, metade do que provavelmente vai gastar no TAV. Dessa forma, dobraríamos em quatro anos a capacidade de transporte de massa e milhões de pessoas seriam beneficiadas. Além do benefício social, diminuiria o impacto de poluição. Esse sim seria um marco para a história do país.”

Deputado Alberto Mourão (SP)

Nova concorrência

→ Como nenhum interessado apresentou propostas na terceira tentativa de licitar a obra, a ANT) anunciou que adotará novo modelo de concorrência. A licitação será fatiada em duas etapas, a serem realizadas ao longo de 2012.

→ Na primeira fase, será feito leilão para contratar o consórcio detentor da tecnologia, que também será responsável pela operação do trem-bala. Quem vencer será responsável por elaborar os projetos básico e executivo com base na tecnologia escolhida.

→ No segundo leilão será escolhido o concessionário responsável pela execução das obras e a manutenção da infraestrutura pelo prazo de 40 anos. O governo espera maior concorrência entre os interessados, principalmente entre empreiteiras estrangeiras.

→ Do valor total, o BNDES deve financiar R$ 22 bilhões e pode injetar mais R$ 5 bilhões a título de subsídio. A estatal Etav, já criada por medida provisória, investirá outros R$ 3,4 bilhões – o que equivale ao dobro do investimento público feito em ferrovias no país nos últimos dez anos, ainda segundo o  ITV.

→ Com o novo desenho, abre-se, porém, a possibilidade de ainda mais dinheiro público engordar o trem-bala. “A União assumirá mais riscos e, pela primeira vez, não descarta o desembolso de recursos públicos na fase das obras se o projeto de construção for orçado em mais do que R$ 23 bilhões – hipótese admitida pelo governo”, informa “O Globo”.

(Reportagem: Letícia Bogéa com informações da assessoria/ Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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12 julho, 2011 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Derrota previsível”

  1. Gildasio disse:

    SERIA UM PRIVILÉGIO PARA OS MORADORES DO RJ E SP, UM PROJETO DE MAIS DE 36 BILHÕES É UMA OBRA ELEITOREIRA, ENQUANTO TANTOS MORREM POR FALTA DE LEITO EM HOSPITAIS, 20 MILHÕES DE BRASILEIROS PASSAM FOME, TANTOS SEM TETO PARA MORAR, PRIVILEGIAR ALGUMS E DESFAZER DE OUTROS, OS BRASILEIROS NÃO MERECEM UMA COVARDIA DESSA DO GOVERNO FEDERAL. ACORDA BRASIL
    Gildasio Guimraes Souza ( WENCESLAU GUIMARAES – BAHIA )

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