Apuração continua


É fundamental investigar e punir envolvidos em corrupção nos Transportes, reiteram tucanos

Os deputados Delegado Waldir (GO) e Antonio Imbassahy (BA) ressaltaram que as investigações sobre o ex-ministro Alfredo Nascimento e subordinados devem continuar, mesmo após a saída dele do comando dos Transportes. Os tucanos pedem punição para os envolvidos no suposto esquema de cobrança de propina.

O líder da bancada na Câmara, Duarte Nogueira (SP), reafirmou que a demissão de Nascimento e o afastamento de quatro servidores ligados às denúncias não podem cair no esquecimento. Segundo ele, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se comprometeu com a participação da Polícia Federal na apuração do esquema, atendendo a um ofício do tucano.

As razões para a continuidade são variadas. Diariamente, a imprensa mostra novas irregularidades. São 74 inquéritos abertos pela Polícia Federal, sendo que um trata da denúncia de que sobrinho do deputado João Maia (PR-RN) recebia propina de 5% dos valores pagos a uma empresa contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Além disso, quatro em cada dez contratos do órgão têm valores inflados, conforme aponta relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) revelado pelo jornal “O Globo”.

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Delegado Waldir disse ser indispensável que a Polícia Federal e o Ministério Público continuem atuando. “Espero, pela primeira vez neste país, a punição de pessoas que metem a mão no dinheiro público. A sociedade brasileira está cansada desses ladrões. O PT sempre disse ser um partido ético e dos trabalhadores. Trabalhador é quem rala o dia todo”, condenou.

O tucano ressaltou a importância dos inquéritos da PF, mas disse que o fundamental seria a prisão dos envolvidos. “A sociedade se tranquilizaria quando houvesse pena. Deveria ser crime hediondo fazer esse tipo de coisa. Toda semana é um caso diferente. O Executivo está se tornando um âmbito de corrupções”, lamentou.

Antonio Imbassahy acredita que os problemas da gestão Dilma Rousseff devem ser afastados do cenário político. “É preciso que o governo tenha um sistema de fiscalização e controle mais efetivo. Não podemos ser surpreendidos toda hora com notícias de jornais sobre enriquecimento ilícito e só depois a presidente tomar medida. Ela deve ter mais ação”, cobrou.

Pedido para preservar a veracidade das informações

A bancada do PSDB na Câmara protocolou petição no Ministério Público Federal do Distrito Federal para lacrar as máquinas apreendidas nesta quinta-feira (7) nos Transportes. O pedido, assinado pelo deputado Carlos Sampaio (SP), argumenta que os “computadores recolhidos pela Controladoria-Geral da União são fontes relevantes de provas para o MPF, porém, a apreensão dos equipamentos por órgão interno da própria União coloca sob suspeição a preservação dessas mesmas evidências, principalmente quanto à possível perda de informações”.

Crises tomam conta

→ O esquema envolvendo o sobrinho do deputado João Maia (PR-RN) teria movimentado R$ 2 milhões desde 2009, segundo a Polícia Federal. Gledson Maia, sobrinho do deputado, ocupava o cargo de chefe de engenharia do Dnit no Rio Grande do Norte e fazia desvios no órgão. O suposto esquema foi desbaratado no fim de 2010 pela Operação Via Apia e envolveu ao menos mais uma empresa e um consórcio de empreiteiras. O pagamento da propina ocorria logo depois que os valores eram liberados pelo governo.

→ Gledson Maia deixou o cargo no fim do ano passado, após ser preso pela PF. Foi flagrado ao lado de uma churrascaria com o sócio de uma das empresas contratadas pelo Dnit. Na ocasião, foram apreendidos R$ 50 mil que seriam propina, segundo a “Folha de S. Paulo”.

→ No inquérito, são citados como possíveis fontes de propina as empresas Arteleste e ATP Engenharia, além do consórcio Constran-Galvão-Construcap, que foi contratado por R$ 172 milhões para duplicar um lote da BR-101.

As frases:

“O governo é para governar e não para ficar a cada dia dando justificativa e demitindo pessoas que não prestam e que não merecem estar no exercício da atividade pública quer seja municipal, estadual ou federal.”
Deputado Antonio Imbassahy (BA)

“O que mais me preocupa como oposição é que esses casos não são de hoje. Há uma tendência no governo do PT. O presidente Lula dizia ser o presidente do povo. Mas o presidente do povo coloca pessoas para roubarem o cidadão brasileiro? É esse o governo do povo brasileiro? Há uma continuação do governo passado e do atual. Por que não se bloqueia todo o patrimônio dessa quadrilha?”
Deputado Delegado Waldir (GO)

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl  /Áudio: Elyvio Blower)

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7 julho, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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