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Recusa de Dilma em receber iraniana Nobel da Paz é contraditória, avaliam parlamentares

Os deputados Eduardo Azeredo (MG) e Luiz Nishimori (PR) consideraram negativa a recusa da presidente Dilma Rousseff em receber a advogada iraniana e Nobel da Paz, Shirin Ebadi, que chega ao Brasil amanhã (7). Nesta segunda-feira, a petista dedicou sua agenda ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, recebido por ela no Palácio do Planalto e homenageado em almoço no Itamaraty. Para os tucanos, “não pega bem” a presidente deixar de se reunir com uma das maiores defensoras dos direitos humanos no mundo e se encontrar com um político acusado de violar os mesmos direitos.

Os parlamentares avaliaram a atitude como contraditória em relação à postura adotada pela presidente na área diplomática. Os deputados lembraram que, antes mesmo de tomar posse, Dilma criticou a abstenção do Itamaraty em uma resolução da ONU condenando o apedrejamento de mulheres no Irã. Em março deste ano, por exemplo, a petista rompeu com o padrão de voto do governo Lula nas Nações Unidas e apoiou a criação de um relator especial para o Irã.

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“Isso não pega bem para o Brasil. Fico bastante preocupado pois, diplomaticamente, não está correto”, destacou Nishimori. De acordo com ele, ao receber a iraniana, Dilma confirmaria seu posicionamento em defesa dos direitos humanos. O tucano defendeu que as comissões de relações exteriores da Câmara e do Senado discutam a posição do Brasil.

Para Azeredo, é natural que Chávez seja recebido pela presidente, mas a recusa de Dilma em se encontrar com Ebadi vai de encontro ao que ela prega.  “Passados seis meses de governo, vemos que começam a aparecer algumas incoerências. Vamos acompanhar e cobrar para que a política externa seja um reflexo da maioria da população e não de um partido político”, alertou o tucano ao criticar a diplomacia praticada durante a gestão Lula.

De acordo com o tucano, o ex-presidente cometeu uma série de equívocos nas relações internacionais, em especial a aproximação com regimes autoritários como o de Chávez. “É natural que ela receba o presidente da Venezuela, mas se espera que ela não adote o mesmo tipo de postura de Lula, até porque Chávez é um governante conhecido por sua posição de arrogância e desprezo pelos valores da democracia e da liberdade”, criticou.

Com a confirmação de que Dilma não receberá a iraniana, quem deve ciceronear a ganhadora do prêmio Nobel da Paz de 2003 é o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Ebadi participará na quinta-feira (9) de audiência pública na Câmara para discussão da política externa brasileira, em especial a prevalência dos direitos humanos.

“Se Dilma defende os direitos humanos e as mulheres, ela me receberá”, Shirin Ebadi para o jornal “O Estado de S. Paulo”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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6 junho, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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