Denúncias reincidentes


Bancada do PSDB vai convidar Palocci para esclarecer multiplicação de patrimônio

A bancada do PSDB na Câmara vai protocolar junto à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle requerimento que convida o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a esclarecer a multiplicação do seu patrimônio por 20 vezes em quatro anos. O partido encaminhará ainda pedidos de informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Receita Federal e Controladoria-Geral da União (CGU).

Com os documentos, os tucanos querem saber se os órgãos do governo detectaram a existência de movimentações financeiras atípicas do ministro, considerado braço direito de Dilma. “É importante que o ministro Palocci tenha a oportunidade de se explicar na Câmara. Pelo cargo que ocupa, é crucial que qualquer suspeita contra ele seja esclarecida o quanto antes”, avalia o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

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As solicitações foram motivadas por denúncia da “Folha de S.Paulo”, publicada no domingo (15). De acordo com o jornal, Palocci adquiriu um apartamento de luxo em São Paulo por um valor de R$ 6,6 milhões, pouco antes de assumir o comando da Casa Civil. Há um ano, ele já havia comprado um escritório pela quantia de R$ 882 mil. Os dois imóveis foram adquiridos pela consultoria “Projeto Administração de Imóveis”, cujo petista detém 99,9% do capital.

Os valores apontam para multiplicação de 20 vezes o patrimônio do ministro nos quatros anos em que esteve na Câmara, logo após sair do Ministério da Fazenda. Em 2006, eleito deputado federal, Palocci declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio estimado em R$ 375 mil, em valores corrigidos pela inflação. Como deputado, ele recebeu R$ 974 mil de salários, quantia insuficiente para a aquisição das duas unidades.

O deputado Antonio Imbassahy (BA) acredita que há indício de enriquecimento rápido. Na opinião do tucano, o ministro tem posição de destaque no governo Dilma Rousseff e, portanto, deve esclarecimentos à sociedade sobre a origem da verba. “É importante lembrar: a presidente Dilma disse que não tem compromisso com o malfeito. Se ficar caracterizado que foi um malfeito, não restará alternativa a não ser o afastamento do ministro Palocci”, apontou.

Imbassahy condenou a Comissão de Ética Pública da Presidência por não ter investigado o aumento do patrimônio do ministro.  “A oposição vai insistir em esclarecer esse fato, até porque a nossa solicitação é uma contribuição para a decência e a dignidade do governo”, avisou. Palocci disse que as compras foram feitas com recursos da “Projeto Administração de Imóveis”, mas não identificou os clientes e nem informou o faturamento da empresa, segundo a “Folha”. Os dois imóveis são os únicos que a consultoria administra.

Outros escândalos

→ O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, abriu a empresa “Projeto Administração de Imóveis com sua mulher”, Margareth, no dia 21 de julho de 2006, duas semanas depois de encerrado o prazo que tinha para entregar sua relação de bens à Justiça Eleitoral. Por esse motivo, a empresa não apareceu na declaração.

→ Palocci não deu informações sobre o faturamento e os lucros obtidos pela Projeto, nem discutiu como conciliava suas atividades de deputado federal com a de consultor. Também não esclareceu porque mantém uma empresa para administrar somente dois imóveis.

→ Quando ministro da Fazenda no governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, Palocci deixou o cargo após o caseiro Francenildo Costa afirmar que o petista promovia reuniões com lobistas em uma mansão em Brasília. O caseiro teve seus dados bancários violados e o então ministro, envolvido no episódio, foi exonerado.

→ Em 2006, o ministro vivia numa casa em Ribeirão Preto, no interior paulista. Em sua declaração à Justiça Eleitoral, ele estimou em R$ 56 mil o valor da casa, que ainda pertence a Palocci. Corretores da cidade calculam que o imóvel vale R$ 550 mil hoje.

(Reportagem: Alessandra Galvão com assessoria da liderança do PSDB na Câmara/Foto: Agência Câmara /Áudio: Elyvio Blower)

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16 maio, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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