Preços em alta


Marcus Pestana alerta para medidas contraditórias no combate à inflação

O deputado Marcus Pestana (MG) cobrou nesta quinta-feira (14) uma sinalização clara do governo federal em relação à alta de preços que tomou conta do país. De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o Planalto admite que a inflação pode estourar o teto de 6,5% fixado no sistema de metas em maio ou junho. A previsão era que o aumento só ocorresse em agosto. Ainda assim, o Ministério da Fazenda e o Banco Central apostam em queda para o segundo semestre. Para Pestana, que também é economista, a redução só ocorrerá se houver uma mudança de postura do governo.

O parlamentar explica que fatores externos, como o aumento do preço das commodities, influenciam diretamente a inflação. Porém, causas internas provocam uma alta ainda maior. O descontrole dos gastos públicos, a gastança eleitoral promovida no ano passado e o recorde nos restos a pagar somam-se a contradições nas atitudes do governo Dilma.

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A presidente determinou corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, ao mesmo tempo em que promoveu a criação de cargos e novos ministérios, e injeção de R$ 55 bilhões no BNDES.  Segundo Pestana, as medidas representam “uma sinalização confusa e que mexe com as expectativas dos agentes econômicos.”

“É preciso que o governo sinalize claramente qual é o caminho, qual é o rumo. Às vezes as medidas tomadas são confusas”, reprovou. “Nós já temos a taxa de juros real mais alta do mundo e isso é um absurdo. O Planalto tem que fazer o dever de casa e acredito que sua maior fragilidade hoje está exatamente no Ministério da Fazenda”, completou.

Segundo o tucano, o país tem uma cultura inflacionária adormecida. Ele afirma que a indexação, sistema responsável por reajustes automáticos de preços antes do Plano Real, ainda está na cabeça de todos os brasileiros. Pestana explica que uma inflação próxima dos 10% causa aflição em todos os agentes econômicos, desde consumidores até empresários. “Todos vão ficar com esse número em mente e transmitir essa inflação pelos mecanismos de indexação para o futuro, isso é o que não podemos admitir”, alertou.

Crescimento é a tendência nos próximos meses

-> O centro da meta da inflação aprovado pelo Conselho Monetário Nacional é de 4,5%, com um espaço de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo para absorver choques na economia.

-> Em seu último relatório de inflação, o BC trabalhava com uma inflação de 5,6% em 2011 mas essa projeção deve ser alterada em junho. No Planalto, a expectativa é que a inflação feche o ano um pouco acima de 6%. No momento, as projeções do mercado captadas pelo BC indicam que ela pode terminar 2011 em 6,26%.

-> Segundo apuração da “Folha de S.Paulo”, a equipe de Dilma sabe que, para fazer a inflação convergir para 4,5% em 2012, a economia terá de “andar abaixo de seu potencial de crescimento” durante alguns meses.

-> Pelas projeções, o pico da inflação deve ocorrer em agosto. No mercado, a expectativa é que a inflação passe de 7% nesse período, mas a equipe de Dilma não confirma esse cenário.

(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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14 abril, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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