Sem medo de polêmica, Delegado Waldir defende medidas duras na segurança pública


A experiência de mais de uma década de atuação em regiões violentas de Goiás e o contato direto com a população são as bases de propostas duras na área de segurança pública defendidas pelo deputado Delegado Waldir (GO). Nesta entrevista exclusiva ao “Diário Tucano/ Rádio PSDB”, ele explica porque é a favor de ações como internação compulsória de usuários de drogas e trabalho obrigatório para presos.  O tucano também critica duramente a omissão do governo Lula na segurança pública, setor que também apresenta desempenho pífio na gestão Dilma Rousseff.

Como delegado de polícia, o senhor atuou no combate ao crime em regiões violentas de Goiás. De que forma essa experiência pode ajudá-lo no seu mandato parlamentar recém-iniciado?

Nos últimos 10 anos atuei como delegado em Goiás. Fui considerado delegado pacificador, porque acabei premiado com as regiões mais violentas de Goiás. Podemos pegar como exemplo a região do entorno de Brasília – Águas Lindas, Novo Gama, Planaltina de Goiás – e também a região noroeste de Goiânia, área extremamente violenta. Passei também por delegacias especializadas, onde havia altos índices de roubos de veículos, por exemplo, e conseguimos reduzir estes indicadores. Minha prioridade é ouvir o cidadão e trabalhar de forma rigorosa e dentro da lei. De operador do Direito, passo a atuar como legislador, como deputado, e sabemos onde estão as falhas na legislação.

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Por que acredita que a internação compulsória dos usuários de crack e de outras drogas é a melhor solução?

Neste período em que atuei como delegado, sempre priorizamos o combate ao traficante. É ele que tem destruído as famílias, sem contar o custo fenomenal que ele tem para o Estado. Nos dois mandatos do presidente Lula, houve um esquecimento das questões de segurança pública. E mais: foi na gestão dele que foi feita a modificação da Lei de Tóxicos, em 2006, e ela legalizou o uso de drogas. Atualmente as polícias não fazem mais o combate ao uso de entorpecente. Transferiu-se cerca de 2 milhões de usuários de drogas da área de segurança pública para a saúde, mas não foi dito de onde virão estes recursos. A nossa defesa da internação compulsória passa pela nossa experiência no dia a dia na ação policial.

O que o senhor vivenciou?

É vergonhoso relatar que éramos procurados por dezenas de mães que vinham implorar ajuda pela internação do filho. Elas queriam entregá-los à polícia, mas este não é o papel da polícia, que deve combater o traficante. Se o Estado transferiu esses usuários da segurança pública para a saúde, precisa dar uma solução. É muito pequeno o percentual de usuário de droga que quer ser internado, e aí fica aquele problema. Criamos até algumas expressões em Goiás, durante nosso trabalho no combate ao crime, de que na verdade eles são verdadeiros ‘zumbis humanos’ ou ‘farrapos humanos’. Temos que tirar do seio das famílias esse usuário de droga, fazer a desintoxicação e, depois, um tratamento prolongado.

Como este trabalho é feito hoje?

É uma covardia o que o governo faz com os usuários de drogas. Ele é atendido para a internação no SUS por um prazo máximo de 15 dias, sem contar que precisará enfrentar uma fila de 200, 300 candidatos a uma vaga para internamento de desintoxicação. O governo brasileiro está matando dia a dia os usuários de droga. É claro que a família é importante, mas no momento temos que dar um tratamento de choque – a internação obrigatória. Depois viriam outras medidas, com a família e ajuda de clínicas e outras que forem necessárias.

Em sua plataforma eleitoral, o senhor defendeu medidas como trabalho obrigatório ao preso e fim dos presídios nas áreas urbanas. Por que o senhor acredita que estas ações vão mudar a realidade do sistema prisional?

É outra questão que vemos abandonada pelos legisladores e pelo Executivo. Qualquer cidade onde existe uma unidade prisional, seja uma cadeia ou um presídio, vira problema. Nenhum prefeito quer receber na sua cidade uma cadeia pública. Cito como exemplo Planaltina de Goiás. Não estou falando da boca pra fora, pois fui diretor em unidades prisionais e conheço bem a situação. Ela fica dentro da cidade, ao lado de escola, da Câmara de Vereadores, de postos de saúde e de residências e isso traz insegurança ao cidadão. No meu ponto de vista, tem que mudar a Lei de Execução Penal, para que sejam criados presídios regionais.

O que a atual legislação estabelece?

Que o preso tem que cumprir a pena no domicílio onde cometeu a conduta irregular. Isso é atrasado. Precisamos fazer presídios regionalizados, que não sejam nas áreas urbanas, mas em regiões agrícolas e que sejam industrializados. Também é necessário dividir. Hoje pegam um criminoso ou traficante com pena de 10 anos e colocam junto com alguém que cumpre pena por não ter pago uma pensão alimentícia. Devemos fazer presídios diferenciados e com repartições conforme a natureza do delito. Crimes contra o patrimônio, um grau de segurança. Aqueles que cometeram delitos graves como tráfico de entorpecentes e crimes hediondos, outro grau de presídios.

E quanto ao trabalho obrigatório?

Defendemos também o trabalho obrigatório do preso porque hoje o maior mal do sistema prisional brasileiro é o ócio do detento. Peço desculpas pela expressão vulgar que eu vou usar aqui: o preso passa o dia ‘coçando’, tomando cerveja, usando droga e planejando quem que ele vai matar agora. Portanto, temos que enfrentar esta realidade. E que ele receba um salário por isso. E que esse salário sirva para primeiramente indenizar a vítima do crime, porque a partir do momento em que passarmos a mexer no bolso do bandido, ele vai pensar duas vezes antes de matar e de roubar.

No começo do governo, Dilma anunciou um contingenciamento bilionário no orçamento da União. O Ministério da Justiça sofreu um corte de R$ 840 milhões, dinheiro que poderia ser usado em ações de combate à criminalidade. Como o senhor avalia este começo do governo dela em relação à segurança pública?

Não vemos ação nenhuma. Não só no governo dela, mas também no do presidente anterior. Assistimos a oito anos de conversa fiada na área de segurança pública. Alguém ouviu em algum momento um PAC para construção de presídios?  Ouviu algum PAC para a segurança pública? Temos hoje um percentual fixo de investimento para este setor?  O que vimos é fraude na saúde e educação, falta de fiscalização, corte de verbas da segurança pública, o que é uma covardia com o cidadão. E não venham me dizer que ‘estamos fazendo planos, estratégias, estudando’, pois eles já não estão no poder há oito anos? Essas medidas não deveriam ser imediatas em defesa da sociedade? Não podemos mais esperar.  Temos mais de R$ 40 bilhões para o Trem de Alta Velocidade. E para a segurança pública, saúde e educação? Acho que o governo tem que explicar isto, pois o cidadão não está entendendo.

(Reportagem: Marcos Côrtes/ Foto: Luiz Alves – Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)

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8 abril, 2011 Sem categoria 2 Commentários »

2 respostas para “Sem medo de polêmica, Delegado Waldir defende medidas duras na segurança pública”

  1. Maria Clark disse:

    O Delegado Waldir está corretíssimo no pensar.Ele tem toda a razão quando fala que preso tem que trabalhar.Acho justo que trabalhem em estradas, no planejamento de hortas para uso dos próprios condenados, na manutenção do presídio. Terão que ser vigiados dioturnamente.
    Enfim que trabalhem para fazer juz ao que gastamos com eles.
    Dependentes de drogas devem ser assistidos em locais especializados e não empurrados para o SUS que já está explodindo de gente e sem atendimento adequado.Não são tratados como devem.
    Presídios foram prometidos no governo Lula e nada foi feito.Segurança pública abandonada,policiais em seus salários, esquecidos.
    Enfim o governo Lula foi um desatre em todas as áreas. O que se deu bem foram aquelas em que eles seguiram de FHC mudando os nomes. O resto foi balela. Enganou a todos os seus eleitores.Pior, eles continuam acreditando que Dilma fará alguma coisa, mentira. É tudo uma pantomima?
    devemos parar de endeusar Lula, ele não é nada,apenas um ser humano que só pensa nele.Um irresponsável ajudado pelos 300 aloprados e 40 ladrões dos cofres públicos.O resto é o resto.
    Fico admirada dele ser homenageado pela Universidade de Coimbra.O que é isso? Onde estamos?
    Delegado Waldir eu o aplaudo pelas verdades aqui ditas.TODAS VERDADEIRAS.
    Att.
    Maria Clark

  2. Tudo correto! Salário para Preso e Indenização através do trabalho!

    Até sugiro mais, a indenização poderia ser trabalhando no setor que ele atrapalhou – se ele matou médico, construir Hospital, se robou comércios e bancos tem que construir Escolas, se ele roubou uma família ele tem que indenizar a familia e construir obras sociais…

    Mesmo que ele não indenize, ele tem que construir algo em troca para sociedade ou manter a cidade limpa (limpeza pública, pinturas, construção de estradas etc).

    Algo assim!

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