Contradição no governo


Erradicação da miséria: principal promessa de campanha da presidente não passou de “enganação”

Os tucanos Ricardo Tripoli (SP) e Antonio Imbassahy (BA) criticaram a contradição da presidente Dilma Rousseff em relação à erradicação da miséria no Brasil. A petista admitiu que os quatro anos de mandato podem não ser suficientes para diminuir a pobreza no país, uma das principais promessas da campanha eleitoral. Acabar com a pobreza absoluta e prosseguir reduzindo as desigualdades é uma das diretrizes do governo. A meta está registrada na cartilha divulgada por Dilma antes das eleições, com 13 compromissos.

No discurso de posse, em janeiro, a presidente afirmou que a erradicação da miséria seria a prioridade da sua gestão. Em fevereiro, ela manteve a promessa: “Lutarei firme e decididamente para acabar com a miséria no nosso País”, afirmou. Nesta semana, a presidente não soube sequer especificar o número de miseráveis no país.

Na avaliação de Tripoli, a promessa não passou de enganação. “É uma promessa eleitoral irresponsável. Extinguir a miséria do Brasil é um argumento fácil durante a campanha e difícil de cumprir depois de eleita. Fica muito claro que isso foi utilizado na campanha visando as eleições e não havia compromisso com a sociedade de eliminar a miséria no Brasil”, avaliou.

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pobres (com renda per capita mensal de até R$ 140) no Brasil caiu quase pela metade entre 2003 e 2009, passando de 30,4 milhões para 17 milhões. Economistas do próprio governo consideram ser pouco provável diminuir o número para zero em quatro anos.

Tripoli criticou a distância entre o discurso e a prática de Dilma. Para ele, a questão da miséria não é um projeto de um governo, mas da sociedade como um todo. “Na hora em que ela faz uma promessa dessa dimensão, fica a responsabilidade para o governo. E eu não sei como ela vai cumprir essa meta, já que ela desmonta no início do seu governo a enganação de campanha que foi a promessa de erradicar a miséria”, declarou.

Já Imbassahy considerou a declaração da presidente grave. Para ele, mais uma promessa de campanha está sendo esquecida por Dilma. “Isso é muito grave e atinge a credibilidade da presidente Dilma. É uma das muitas contradições do governo do PT. Cerca de três meses atrás se dizia uma coisa e agora vem com essa declaração que não será possível honrar e cumprir a principal meta da campanha, a de eliminar a miséria no Brasil”, disse o tucano.

17 milhões

É o número de pessoas com renda de até R$ 140 no Brasil de acordo com dados do Ipea de 2009

O que Dilma disse antes e depois das eleições

“O objetivo é superar a pobreza por meio da garantia do acesso e da oferta de oportunidades a indivíduos e famílias para a sua inclusão produtiva na sociedade.” (Diretrizes do Programa de Governo entregue ao TSE – 4 de julho de 2010)

“Meu objetivo e meu compromisso é erradicar a pobreza extrema. Não é uma proposta de tecnocrata; é baseada em valores humanos e éticos.” (16 de setembro de 2010 em almoço com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro)

“Erradicar a pobreza absoluta e prosseguir reduzindo as desigualdades.” (25 de outubro de 2010, um dos 13 compromissos da campanha de Dilma)

“A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos. Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos na mesa … E este é o sonho que vou perseguir”

“Lutarei firme e decididamente para acabar com a miséria no nosso País.” (Discurso de posse em 1º de janeiro de 2011)

“Temos um grande compromisso, que é acabar com a miséria no nosso Brasil. Posso não conseguir acabar nos meus quatro anos, mas eu vou insistir tanto nisso, que esse objetivo de acabar com a miséria vai ficar selado nas nossas consciências.” (28 de março de 2011 em Belo Horizonte)

Leia mais no site “Gente que mente” sobre a “propaganda enganosa” da presidente.

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(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Diógenis Santos e leonardo Prado/Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)

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31 março, 2011 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Contradição no governo”

  1. Mario disse:

    Não espere coerência num esquerdalha, principalmemte em promessas eleitorais!!!! ISSO NÃO EXISTE!!!!!!

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