Credibilidade em risco


Tucanos temem consequências negativas de nomeações políticas na Caixa Econômica

Os deputados Rogério Marinho (RN) e Jorginho Mello (SC) alertaram nesta sexta-feira (25) para os perigos do aparelhamento promovido pelo governo na Caixa Econômica Federal (CEF). Ontem (24), foram anunciadas mudanças no comando do banco que devem privilegiar aliados do Planalto. O jornal “Folha de S.Paulo” noticiou que “a entrada do PMDB na diretoria da Caixa preocupa executivos do setor bancário e até servidores de carreira do governo federal, que temem um loteamento político maior na área econômica do governo e um atraso na expansão do crédito imobiliário brasileiro.” A CEF é detentora do FGTS e responsável por quase 70% do crédito imobiliário do país.

Parlamentares tucanos acreditam que a credibilidade da instituição pode estar em risco e condenaram o uso do órgão para abrigar aliados do governo Dilma derrotados nas urnas.  De acordo com o jornal “O Estado de S.Paulo”, a queda da presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, teve viés altamente político.  Ela não teria aceitado a ideia de ter o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima na vice-presidência do banco. No entanto, Ramos acabou perdendo a queda de braço para o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, que negociou a entrada do peemedebista na instituição. Ela deixou o cargo, que será assumido pelo petista Jorge Hereda. O PMDB ainda deve indicar o novo vice-presidente de Loterias e Fundos e já tem Fábio Lenza na direção de Pessoa Física da Caixa.

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“Uma instituição financeira vive de credibilidade e ninguém tem o direito de brincar com isso. A Caixa não pode ter preferência partidária e tem que ser preservada como instituição. Tem que haver responsabilidade e uma gestão boa e transparente. Não se pode fazer um gueto de um partido político A, B ou C”, rechaçou Jorginho Mello, que já foi bancário e diretor do extinto Banco do Estado de Santa Catarina (Besc).

“O aparelhamento político do Estado brasileiro é uma prática que tem sido aprofundada pelo governo do PT. Na Caixa Econômica temos apenas mais um exemplo de como essa prática pode ser danosa para a sociedade”, criticou Marinho. O tucano citou os Correios como exemplo de órgão que teve a imagem corroída graças ao loteamento de cargos promovido pelo Planalto. O deputado destacou que a situação tende a se repetir e ser ainda mais prejudicial. “Isso porque a Caixa detém quase a totalidade do crédito imobiliário brasileiro e o governo está premiando os aliados políticos que não tiveram êxito na última eleição com diretorias do banco”, afirmou o parlamentar.

Para os deputados, o governo precisa rever os critérios de escolha dos ocupantes dos principais postos do banco e evitar que problemas já existentes se tornem ainda maiores. Eles ressaltaram que o excesso de burocracia, as dificuldades na execução do orçamento para liberação de emendas parlamentares e a liberação de crédito para os mais pobres podem se tornar mais complicados com uma “gestão aparentemente não muito profissional”, como classificou Marinho. “Entendemos que todos os cargos não podem ser ocupados apenas por técnicos, pois existe um viés político, mas não podemos, em função de acordos nem sempre muito republicanos, destruir a seriedade e a credibilidade de organismos tão importantes como a Caixa”, alertou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Rodolfo Stucker e Elton Bomfim/Ag. Câmara/ Áudio: Kim Maia)

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25 março, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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