Marianas e as vozes da inclusão, por Mara Gabrilli


Mariana Rodrigues Cerbelheiro completou este mês 27 anos de idade. Motivos para a jovem comemorar não faltam: além de estar noiva, este ano ela completa sete anos de mercado de trabalho – tempo em que faz parte da equipe de um gabinete político, onde trabalha como auxiliar de escritório. Sua trajetória pode soar comum para muitas pessoas, não fosse um detalhe: Mariana tem síndrome de Down. Por isso, teve de se superar de várias maneiras para romper um paradigma que há décadas teima em imperar na nossa sociedade: o de que pessoas com deficiência intelectual seriam incapazes.

História de superação parecida ocorreu com outra Mariana: a minha amiga Mariana Amato, que concluiu o ensino médio pelo Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) e foi a primeira funcionária com Síndrome de Down a ser contratada para trabalhar em uma instituição financeira. Competente, Mariana prestava atendimento ao público na biblioteca do banco, derrubando mais um preconceito sobre este universo: o de que pessoas com síndrome de Down têm problemas de relacionamento social.

Marianas são retratos da inclusão.Talentosas e cheias de expectativas elas lutam para mudar um quadro cruel. No Brasil, de 30 milhões de pessoas com deficiência, apenas 323 mil estão no mercado de trabalho. Destas, cerca de 2% têm deficiência intelectual, ou seja, estão na base desta pirâmide, ainda tímida, de empregados, pois são de longe as menos contratadas.

Hoje, essas jovens podem cumprir seus deveres, sanar seus direitos e principalmente, podem provar que são capazes. No meu gabinete mesmo temos pessoas com diversos tipos de deficiência, inclusive, com síndrome de Down, um exemplo que deveria ser seguido por outras empresas – que passarão a colher os frutos da diversidade e do respeito. Neste 21/03, Dia Internacional da Síndrome de Down, vamos refletir sobre o que consideramos capacidades.

Deficiência é não contratar.

(*) Mara Gabrilli é deputada federal pelo PSDB/SP. Artigo publicado no jornal “Diário de S. Paulo” em 21/03/11.

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21 março, 2011 Artigosblog Sem commentários »

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