Omissão internacional


Leréia: abstenção do Brasil em resolução contra governo líbio dificulta entrada do país no Conselho de Segurança da ONU

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara,  deputado Carlos Alberto Leréia (GO), considerou lamentável a posição do Brasil de se abster ontem (17) na votação de uma resolução  da Organização das Nações Unidas (ONU) que abre caminho para uma ação armada contra o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi. Na avaliação do tucano, o Brasil jamais poderia ter se omitido nessa questão, já que trabalha  para ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O Ministério das Relações Exteriores deve voltar a postular, durante a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, um lugar permanente no conselho.

“Os principais países do mundo estavam em uma posição e o Brasil veio com outra. O país merece ocupar essa vaga, pois é uma das principais economias do mundo e vem ultimamente sendo destaque em vários cenários. Mas com essa posição fica difícil conseguir esse assento definitivo”, ressaltou.

A decisão da ONU cria uma zona de exclusão aérea na Líbia. A ideia é suspender o uso da força militar contra os rebeldes que lutam para derrubar uma ditadura de 41 anos no país. A resolução prevê a adoção de todas as medidas necessárias para defender os civis líbios, exceto por uma invasão por terra. Se as tropas do ditador desrespeitarem a zona aérea de exclusão, seus aviões podem ser abatidos.

Leréia também lembrou que bastou aprovarem o documento, mesmo sem o voto brasileiro, que o presidente líbio anunciou um cessar-fogo. Segundo a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti, o país não está convencido que o uso de força levará ao fim imediato da violência.

Para o tucano, a decisão  brasileira vai contra a expectativa de mudança na política externa do país em ação esboçada na alteração da postura em relação ao Irã. A representação brasileira perante o Comitê dos Direitos Humanos da ONU recebeu, no último dia 7, em Genebra, à dissidente iraniana Shirin Ebadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Ebadi está refugiada na Europa. Como ela é perseguida pelo governo de Mahmoud Ahmadinejad, o fato foi considerado como um ato explícito de repúdio aos procedimentos de Teerã. Por isso, o presidente da Comissão de Relações Exteriores espera que nas próximas decisões o Brasil aja de forma diferente.

O texto da resolução foi sugerido por França, Reino Unido, Estados Unidos e Líbano. Levado a voto, foi aprovado por dez países. Ninguém votou contra. Houve cinco abstenções. Entre os que não votaram estavam os representantes da Rússia e da China. 

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(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Agência Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 março, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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