Descaso


Mara Gabrilli teve que esperar duas horas em avião devido à falta de equipamentos para desembarque

A deputada Mara Gabrilli (SP), que é tetraplégica, ficou presa por mais de duas horas em um avião da TAM no aeroporto de Cumbica, Guarulhos, na noite desta quarta-feira (2). Ao retornar de Brasília, o avião em que a parlamentar se encontrava não parou no finger, equipamento que leva os passageiros diretamente do avião ao terminal. Além disso, o ambulifit, espécie de ônibus com elevador utilizado para o transporte de cadeirantes ao terminal, estava quebrado.

“Queriam me carregar pelas escadas do avião, escorregadias, debaixo de muita chuva. Não aceitei e disse que não sairia do avião enquanto não houvesse segurança”, afirma Mara Gabrilli. A deputada diz que houve até pressão psicológica para que descesse carregada: “afirmaram que poderia levar mais de três horas até que um ambulift chegasse ao local, mas insisti que não desceria carregada”, conta.

A norma resolutiva 009/07 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em seu artigo 20, dispõe que “as empresas aéreas ou operadores de aeronaves deverão assegurar o movimento de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida entre as aeronaves e o terminal, oferecendo veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque dessas pessoas.” Já em seu artigo 24 a norma estabelece que “deverão ser designados, previamente, funcionários capacitados para atender e acompanhar as pessoas com deficiência”. Nada disso aconteceu na ocasião.

Duas horas após o desembarque dos demais passageiros, um ambulift foi disponibilizado e Mara pôde deixar o avião. “Mas o funcionário não amarrou minha cadeira, o que só foi feito por minha ajudante pessoal, com o aparelho já em movimento”, completa Mara. Em dezembro o arquiteto cadeirante Fernando Vasconcelos, de 71 anos, que também não teve sua cadeira amarrada, sofreu um acidente ao cair de um ambulift em Congonhas e teve traumatismo craniano.

Para Mara Gabrilli, a situação atual é de total descaso com os passageiros que possuem deficiência. Apenas o aeroporto de Brasília recebe 30 passageiros cadeirantes todas as noites. Segundo me contaram, a TAM desembarca, em média, seis cadeirantes por noite só em Guarulhos e estava com o ambulift quebrado há um mês e meio. Se eles não podem esperar por duas horas, devem correr o risco de se acidentar nas escadas do avião?”, questiona.

A deputada lembra ainda que em breve o Brasil receberá, em breve, uma grande quantidade de turistas de todo o mundo. “Essa é a situação cotidiana do transporte aéreo brasileiro. Em três anos receberemos uma Copa do Mundo e, logo depois, as Olimpíadas. Nosso transporte está preparado para isso?”, finaliza.  (Da assessoria/ Foto: Ag. Câmara)

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3 março, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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