Gastança custou caro


Aumento da inflação exige urgente mudança de comportamento do governo federal, cobra ITV

A última edição da análise de conjuntura do Instituto Teotonio Vilela chama a atenção para a volta de um fantasma que atormentou em vários momentos a vida dos brasileiros: a inflação. De acordo com o ITV, os números do índice oficial de inflação (IPCA) referentes ao ano de 2010 são preocupantes e exigem uma mudança de postura do Palácio do Planalto.

“Embora haja um movimento mundial de alta de preço dos alimentos, no Brasil um dos principais combustíveis para a inflação tem sido o excessivo gasto do governo federal. Não é desconhecida de ninguém a irresponsabilidade com que a gestão Lula se pôs a torrar recursos públicos para turbinar e eleger Dilma Rousseff. A conta veio salgada”, alerta o texto.

Ainda de acordo com o órgão de estudos do PSDB, apenas elevar a taxa Selic juros não resolverá o problema. “Está claro que os juros não podem ser a única arma a ser usada para debelar a inflação. Um firme ajuste nos gastos públicos faz-se mais que necessário e urgente: o Estado brasileiro já se agigantou demais nos anos de gestão petista e precisa agora começar a controlar seu peso”, recomenda o ITV.

Leia abaixo a íntegra do texto:

O dragão está voltando?

Na sexta-feira, foi divulgado o índice oficial de inflação referente ao ano de 2010. O IPCA alcançou sua maior marca desde 2004, ficou distante do centro da meta estipulada pelo Banco Central, mas se manteve abaixo do teto da faixa de variação admitida. De qualquer forma, é algo que exige cuidado e uma urgente reversão de comportamento por parte do governo federal.

O vilão de 2010 foram os alimentos, que subiram 10,4%, o triplo do verificado no ano anterior. Alguns exemplos da escalada vieram das carnes (29,5%) e do feijão carioca (60%). Outros produtos comuns na mesa dos brasileiros, como farinha de mandioca, leite, açúcar e frango, registraram altas de mais de 14% no ano.

Embora haja um movimento mundial de alta de preço dos alimentos, no Brasil um dos principais combustíveis para a inflação tem sido o excessivo gasto do governo federal. Não é desconhecida de ninguém a irresponsabilidade com que a gestão Lula se pôs a torrar recursos públicos para turbinar e eleger Dilma Rousseff. A conta veio salgada.

O IPCA fechou 2010 em 5,91%. No acumulado do governo Lula, o índice somou alta de 56,7%. Ou seja, a inflação anual média dos últimos oito anos foi de 5,8%, patamar bastante elevado em relação ao padrão mundial. Há quem defenda que o país passe a perseguir metas mais austeras para evitar que o dragão ressuscite.

Entre os mais pobres, a inflação acelerou-se ainda mais no ano passado. Quanto mais baixa a renda, mais o encarecimento dos alimentos dói no bolso. De acordo com o INPC, que mede a evolução dos preços para famílias com renda de até seis salários mínimos, houve alta de 6,47% em 2010. Na capital paulista, por exemplo, a cesta básica já tinha aumentado 16% no ano até novembro, segundo o Dieese.

Na prestação de serviços, a inflação já roda numa velocidade ainda mais acelerada. O IGP-M de 2010 ficou em 11,32%. Os primeiros a sentirem o peso da escalada deste indicador no bolso são os inquilinos: o índice serve como indexador da maior parte dos contratos de aluguel no país. Vale lembrar que em 2009 o IGP-M registrara deflação de 1,7%.

O mau resultado da inflação no ano passado reforça as apostas numa provável elevação dos juros pelo Copom, cuja primeira reunião deste ano acontece na próxima semana. A autoridade monetária tem sido obrigada a esfriar a fervura acessa pelas labaredas da política fiscal perdulária do governo federal. Quem paga a fatura acaba sendo toda a sociedade, na forma de carestia e de juros mais altos.

Não custa frisar: o Brasil já é o país onde se praticam as mais altas taxas de juros reais do mundo. Com a possível elevação da Selic pelo BC, aumentará também o potencial de atração de capitais externos, valorizando ainda mais o real e prejudicando as exportações brasileiras. Nossos concorrentes agradecem.

Está claro que os juros não podem ser a única arma a ser usada para debelar a inflação. Um firme ajuste nos gastos públicos faz-se mais que necessário e urgente: o Estado brasileiro já se agigantou demais nos anos de gestão petista e precisa agora começar a controlar seu peso.

É ponto pacífico que a estabilidade econômica é a conquista mais valorizada pela sociedade brasileira. Um esforço de anos, iniciado com a bem-sucedida experiência do Plano Real, não pode ser posto em risco. O governo Dilma deve apressar-se em desarmar mais uma das bombas de efeito retardado que Luiz Inácio Lula da Silva gentilmente lhe legou.

(Fonte: ITV)

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11 janeiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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