Números suspeitos
Deputados criticam direcionamento da publicidade do Planalto
Como se não bastasse gastar milhões com propaganda de programas com desempenho insatisfatório, o Palácio do Planalto está focando sua publicidade para estados onde o governo Lula quer reverter a rejeição ao presidente Lula ou onde partidos de oposição como o PSDB têm a preferência dos eleitores. É o que mostra uma planilha enviada pelo governo federal à Câmara a pedido do deputado Edson Aparecido (SP) com informações sobre a distribuição da publicidade oficial. Para tucanos, esse direcionamento é um indicativo das intenções eleitoreiras da gestão do PT.
Desconfiança – Considerados estratégicos para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010, os programas “Bolsa Família”, “Minha Casa, Minha Vida” e “Programa de Aceleração do Crescimento” têm gasto publicitário previsto para 2009 de R$ 59,92 milhões, o que representa um terço de toda a verba da Presidência para o ano – R$ 187,5 milhões.
Segundo os números da planilha, este ano a publicidade do PAC está concentrada em estados onde muito pouco das obras previstas foram realizadas. Naqueles do Sul, onde 70% dos anúncios do programa foram distribuídos em 2009, as obras se arrastam, assim como ocorre nas demais regiões. No Paraná, por exemplo, foram gastos pouco mais de 10% do orçamento, enquanto no Rio Grande do Sul o percentual é de 15%, um desempenho não muito diferente do quadro nacional. Do Orçamento da União de 2009, foram executados em todo o país apenas 10,54% do autorizado no Orçamento de 2009.
Desconfiado, o deputado Edson Aparecido pretende recorrer ao Tribunal de Contas da União (TCU) para obter com exatidão os gastos do governo com publicidade. “Sem dúvida as despesas com propaganda em espaços da oposição são maiores que os divulgados pelo Planalto. Os números não batem com aquilo que se vê na campanha de marketing realizada pelo governo em todo o país”, apontou nesta terça-feira.
Além de anunciar obras cuja conclusão está longe de acontecer, o governo ainda o faz em regiões onde a rejeição ao presidente Lula é grande ou em estados governados pela oposição, como São Paulo. É lá que o Planalto concentra os anúncios de seu programa habitacional. Das 227 emissoras do país que veicularam as peças, 119 são paulistas (52,42%). Considerada por muitos inalcançável, a meta da gestão petista é construir 10 milhões de moradias até o final de 2010.
Para o deputado Gustavo Fruet (PR), a decisão do governo de concentrar propaganda nos estados onde não se sai bem eleitoralmente “não é mera coincidência”. “É preciso averiguar essa ação do governo, que se mostra claramente incomodado onde é rejeitado”, disse Fruet. Já Duarte Nogueira (SP) classificou o direcionamento de “eleitoreiro” e pediu explicações públicas do governo. (Da redação com Agência Tucana/ Foto: Eduardo Lacerda)
Creio que este tema deverá ser uma das principais preocupações da oposição, desde ontem, porque o governo (?) já está em campanha (aliás, nunca deixou de estar).
É preciso que a notícia da magnitude destes gastos chegue à sociedade e permaneça nas mentes das pessoas até as eleições.
Além de ser um serviço prestado aos cidadãos, é um instrumento de ataque por seu efeito no imaginário do eleitor.
O povo detesta pagar por propaganda governamental.
Abraços.