Comentário “infeliz”
Tucanos reprovam declaração de ministro de que Executivo não depende do Congresso para trabalhar
O deputado Antonio Imbassahy (BA) classificou de prepotente a declaração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de que o Executivo não depende do Congresso Nacional para trabalhar. O comentário foi feito na última segunda-feira (30) em entrevista à Rádio Estadão/ESPN, poucos dias após o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), ter afirmado da tribuna que o Congresso fica sob ameaça quando não vota de acordo com os interesses do Planalto.
Na opinião do tucano, essa é mais uma tentativa do governo de diminuir a importância do Parlamento perante a sociedade brasileira. “É uma declaração antidemocrática, que fere os princípios da liberdade, da harmonia e do entendimento entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A afirmação revela o caráter autoritário e o menosprezo que essa gente tem pelo Congresso”, ressaltou Imbassahy, ao classificar de “infeliz” a frase do ministro.
baixe aquiA declaração de Carvalho foi uma resposta a um questionamento sobre a crise envolvendo a evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e se ela teria contaminado o ambiente no Congresso e paralisado o governo. Gilberto Carvalho disse que o escândalo não influencia as ações federais. O deputado espera que o ministro da Secretaria-Geral se reposicione. “O Congresso não vai se curvar por esse tipo de declaração”, resumiu.
Para o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), o comentário de Carvalho não tem “pé nem cabeça”. “Em uma democracia em construção como a nossa, as necessidades de aporte jurídico e legislativo para um governo funcionar bem são diárias. É impossível um governo sem sustentação parlamentar funcionar bem”, avaliou.
A tese defendida por Vacarrezza e Carvalho não tem fundamento na teoria política nem na prática da administração pública federal, segundo Mendes Thame. Para o tucano, o governo demonstra constante desprezo em relação ao Legislativo.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), viu “autoritarismo” na frase do ministro. Para ele, há intenção em tratar o Legislativo como um poder inferior. “Essa manifestação tem um viés autoritário que identificamos no governo nesses últimos anos, tentando submeter o Legislativo a uma condição de inferioridade”, ressaltou.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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