Prática recorrente


Maquiagem oficial nos números do PAC distorce resultados do programa, alerta Gomes de Matos2012.05.08 - Plenário - PSDB - Raimundo Gomes de Matos - Cruz Vermelha

Maquiar números oficiais se tornou prática recorrente no governo do PT. Dessa vez, foram os dados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que sofreram alterações para passar a melhor impressão possível. Para disfarçar o desempenho abaixo do esperado entre maio e agosto de 2013 e os atrasos em obras, os dados divulgados na quinta-feira (17) passaram pela maquiagem oficial do Planalto.

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) criticou a manobra contábil feita para beneficiar a imagem do governo. Ao apresentar os números, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não disse que grande parte dos gastos do último quadrimestre (total de R$ 107 bilhões) vem dos valores pagos pelas famílias com financiamento habitacional (total de R$ 39 bilhões). As estatais executaram R$ 26 bilhões e, o setor privado, R$ 16 bilhões. Já os gastos do governo somaram apenas R$ 11 bilhões.

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Na hora de fazer a apresentação ao público, a ministra fez uma comparação maliciosa: mostrou dados do PAC de anos anteriores até setembro, mas quando fala de 2013, os valores considerados vão até 14 de outubro. Ou seja, foram comparados dados de períodos diferentes. Com isso, o resultado deste ano (R$ 34,9 bilhões) ficou maior que o de 2012 (R$ 29,7 bilhões).

Gomes de Matos afirma que o governo investe muito com publicidade, mas não com as obras estruturantes. Até setembro, ele lembra que foram gastos com propaganda mais de R$ 1,8 bilhão.

“Há uma maquiagem contábil nesse balanço do PAC. Boa parte desses recursos é do Minha Casa Minha vida, ou seja, é de financiamento que o povo vai pagar. Esse dinheiro também tem verba da iniciativa privada e quando ela apresenta quer passar a ideia de que é o governo quem está fazendo o investimento”, criticou.

Para o deputado, os dados maquiados são uma tentativa de enganar a população.  “Aqui no Ceará, por exemplo, está tudo empacado, seja a transposição do São Francisco, a Transnordestina, ou o aeroporto: todos são obras do PAC paradas”, aponta.

De acordo com dados do Ministério do Planejamento, o PAC 2 já gastou R$ 667 bilhões, o que corresponde a 67% do previsto até 2014. Em relação às ações concluídas, o valor chega a R$ 448 bilhões, o que corresponde a 69% do previsto para ser encerrado até agosto de 2013.

No entanto, muitas obras já adiadas oficialmente estão listadas com o carimbo de adequadas. É o caso do Trem de Alta Velocidade (TAV), que teve o leilão de 19 de setembro suspenso. Em um deles, por exemplo, o governo afirma que “as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco já voltaram a apresentar bom ritmo de andamento”.

“Estou no interior do Ceará e aqui as pessoas precisam buscar água a 60km e está aí a transposição que é só propaganda. Para completar, o ministro dos Transportes diz que a Transnordestina só sai em 2016”, alerta Gomes de Matos. Para ele, a população nordestina tem enfrentado dificuldades graças à ineficiência do governo em aplicar verdadeiramente os recursos e fazer com que as obras saiam de fato do papel.

O tucano voltou a defender que algumas obras do PAC sejam transferidas para a competência do Batalhão de engenharia do Exército. “Mas querem deixar com as empreiteiras porque aí dá para fazer caixa dois e ganhar dinheiro”, disse.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 outubro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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