Saúde em crise


Diminuição de leitos hospitalares deixa milhares de pacientes sem atendimento médico, alerta senador

Na avaliação do senador Papaléo Paes (AP), a queda no número de leitos para internação no país provoca sérios problemas para a saúde brasileira. Segundo a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária 2009 divulgada nesta sexta-feira (19) pelo IBGE, de 2005 a 2009 houve uma redução de 11.214 leitos disponíveis para internação nas unidades de saúde do país. No ano passado, o número de leitos apurados pelo estudo foi de 431.996. Em 2005, eram 443.210.

Ampliação no SUS é urgente

Para o tucano, que é médico, existe uma demanda reprimida de pacientes carentes de internação. Diante disso, Papaléo defende o aumento do número de leitos nos hospitais para atendê-los. “Isso deve ocorrer principalmente no setor público, pois o Sistema Único de Saúde tem a responsabilidade de prestar o atendimento completo a todos os brasileiros. A necessidade de aumentar o número de leitos é evidente diante do grande número de pessoas que aguarda atendimento nos hospitais”, destacou. O estudo aponta que o SUS detém o maior número de estabelecimentos sem internação registrados na pesquisa 69,8%. Esse alto percentual mostra o desrespeito ao princípio constitucional citado pelo parlamentar.

Ainda de acordo com o IBGE, em quatro anos cresceu o número de unidades de saúde sem estrutura para a internação de pacientes. O número passou de 55.328, em 2005, para 67.901 no ano passado. Isso corresponde a um aumento de 22,7%, de acordo com o instituto.

Segundo a pesquisa, o aumento do número de unidades de saúde sem internação demonstra uma mudança de cultura na saúde brasileira, que acompanha a tendência mundial de priorizar o atendimento primário, de emergência e dos serviços de apoio ao diagnóstico para evitar internações. Mas a redução desses leitos torna deficitário o atendimento a pacientes que já estão doentes e precisam dessa estrutura.

O parlamentar afirmou que a cultura de evitar internações é importante, mas  se confronta com a realidade de pacientes que necessitam de um atendimento mais completo. “É fundamental adotarmos uma política de evitar internações que não precisam ser feitas, e ela começa nos centros de saúde. Mas, ao mesmo tempo, a população cresce e a medicina preventiva é muito deficitária, gerando um maior número de pacientes que poderiam ter sua internação evitada”, explicou.

O levantamento também revela que do total de leitos registrados em 2009, 152.892 (35,4%) ficavam em estabelecimentos públicos e 279.104 (64,6%), em privados. A taxa nacional no ano passado foi de 2,3 leitos/mil habitantes, número abaixo do parâmetro estabelecido pelo próprio Ministério da Saúde, de 2,5 a 3 leitos/mil habitantes. Essa taxa só esteve acima dessa média na Região Sul, com 2,6 leitos/mil habitantes.

Mais de 23 milhões internações somente em 2008

→ O número de internações no ano de 2008 registrado pela AMS foi de 23.198.745, sendo 8.141.517 em estabelecimentos públicos e 15.057.228 em estabelecimentos privados.

→ Em todas as grandes regiões ocorreu uma diminuição no número de leitos, com exceção da Região Norte, onde houve crescimento anual de 1%. As maiores reduções foram registradas no Nordeste (-1,7%) e no Centro-Oeste (-1,4%).

→ As regiões mais desprovidas de leitos por habitante continuam sendo as Regiões Norte (com 1,8 leito por mil habitantes) e Nordeste (com 2 leitos por mil habitantes). Nestas regiões, embora haja aumento dos leitos públicos e eles representem mais de 50% dos disponíveis para internação, o aumento não foi suficiente para compensar a diminuição dos leitos privados e o aumento populacional, segundo o IBGE.

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(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Ag. Senado/Aúdio: Elyvio Blower)

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19 novembro, 2010 Últimas notícias Sem commentários »

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