Propaganda eleitoral
Dilma canta vitória em rede nacional três anos após demonizar privatização do pré-sal
Três anos após ter classificado de criminosa a privatização do pré-sal, Dilma usou cadeia nacional de rádio e TV para cantar vitória sobre a venda do campo de Libra, apesar da falta de concorrência no leilão. Parlamentares do PSDB reagiram ao discurso e afirmaram que o pronunciamento foi eleitoreiro e bem distante da realidade. Para eles, além de contraditória, a petista usa a máquina pública em benefício próprio.
Em nota, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), classificou o pronunciamento de eleitoreiro, “mais uma vergonhosa tentativa de impor à opinião pública a versão da realidade que interessa ao governo”. Segundo o tucano, essa foi a 16ª vez que a presidente contrariou a legislação para se apropriar indevidamente de mais uma rede nacional de rádio e TV, “reduzindo um instrumento do Estado a mera ferramenta de propaganda política e eleitoral”.
O senador lamentou o fato de Dilma não ter usado parte do tempo para esclarecer os brasileiros sobre a gigantesca desvalorização que administrações do PT causaram à Petrobras. Para ele, o governo mistura os deveres da presidente com os interesses da candidata à reeleição.
Os deputados Rodrigo de Castro (MG) e Domingos Sávio (MG) criticaram a postura do governo. “O PT está usando de forma criminosa a máquina pública para fazer campanha antecipada para a presidente Dilma”, criticou Sávio. “Isso nos traz preocupações. A situação administrativa e financeira da Petrobras é um descalabro e o viés estatizante do governo Dilma também”, observou Castro, ao avaliar a fala da petista.
No pronunciamento, Dilma afirmou que o leilão de Libra não significa a privatização do petróleo brasileiro. A petista tenta não cair publicamente em contradição, já que na campanha à Presidência demonizou as privatizações feitas pelo governo Fernando Henrique e chegou a dizer que seria “crime” privatizar a Petrobras ou o pré-sal. Mas, na prática, foi o que ela fez com o leilão realizado nessa segunda-feira (21).
Para completar, o governo sequer conseguiu atrair a iniciativa privada para a disputa. Apenas um consórcio apresentou proposta e obteve o direito de explorar por 35 anos o campo de Libra, no pré-sal da bacia de Campos. A União leiloou o maior campo petrolífero do planeta sem concorrência.
“Não havia um ambiente de confiança, já que a disputa se daria em uma situação de declínio da Petrobras devido à má gestão do PT, que sempre tem errado em relação à empresa”, apontou Castro.
Já para Sávio a gestão do PT é incompetente. “Tivemos um leilão com lance único, sem concorrência, o que demonstra que faltou competência e credibilidade do governo para atrair investidores e lucros para o país”, disse. Para o tucano, Dilma privatizou o maior patrimônio dos brasileiros de forma equivocada. Sua aparição na TV foi, na avaliação do deputado, uma forma de tentar vender uma boa imagem diante de uma ação com resultado pífio.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) inicialmente esperava que até 40 empresas participassem da concorrência, mas gigantes do setor como as norte-americanas Exxon Mobil e Chevron e as britânicas BP e BG nem chegaram a se inscrever.
O consórcio vencedor é formado por Petrobras (40%), Shell (20%), Total (20%) e as chinesas CNPC e CNOOC (10% cada).
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Reprodução/ Áudio: Elyvio Blower)
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