Chega de improviso
Deputados cobram de ministro soluções definitivas para problemas no Enem
Os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Otavio Leite (RJ) não se convenceram com as explicações dadas pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, a respeito das falhas no Exame Nacional do Ensino Médio. Desgastado pelos sucessivos problemas no Enem, Haddad participou nesta quarta-feira (17) de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara um dia após ter ido ao Senado para tentar se justificar.
Apesar dos transtornos provocados a milhares de jovens, o ministro classificou de “tópicos” os problemas da última edição e alegou que eventuais transtornos podem acontecer devido ao grande alcance do exame, feito por mais de 3 milhões de estudantes no início do mês. Mas na avaliação dos tucanos, ao invés de o ministro falar que sempre há falhas nos exames, ele deveria apontar as soluções definitivas para o problema.
“Considero injustificável o que vem ocorrendo. Nos vestibulares de antigamente e nos concursos de hoje não existem essa instabilidade. É preciso solucionar a questão definitivamente”, cobrou Gomes de Matos. Segundo ele, o ministro está tentando esconder os gargalos existentes. “Ano passado houve falhas, e neste ano eles voltaram a ocorrer. Como será no próximo?”, questionou o deputado, que é integrante da comissão. Para ele, os problemas verificados em 2010 e também em 2009, quando houve vazamento das provas, comprometem a credibilidade do exame.
Para evitar novas falhas, o deputado questionou a possibilidade de a organização do exame ser feita por órgãos públicos, como a Imprensa Oficial. Hoje o MEC contrata instituições supostamente especializadas na realização desse tipo de prova. “O modelo do Enem é importante, mas precisamos aprimorar o sistema. O ministro disse que o ocorrido não teve custo para o aluno. Mas há um preço a ser pago pela nação não só de cunho financeiro, mas envolvendo a credibilidade e o efeito psicológico gerado nos estudantes”, alertou. Gomes de Matos avalia que a realização de mais de uma prova por ano, conforme defendido por Haddad, pode provocar ainda mais problemas. “O Enem deveria ser feito de modo gradual e por região, e não nacionalmente como ocorre hoje”, defendeu.
Otavio Leite, por sua vez, disse que as explicações do ministro foram incompletas. “Ele não teve solidariedade e não pediu desculpas à sociedade. Os transtornos gerados para a população jovem brasileira não têm preço. A incerteza se o Enem prossegue ou não gera uma confusão na cabeça dos alunos”, ressaltou o tucano.
Decisão judicial garante nova prova a prejudicados pelo Enem
→ Liminar da Justiça Federal do Ceará nesta quarta-feira (17) garante a todos os candidatos prejudicados do Enem o direito de realização de nova prova. A decisão é da juíza federal Karla de Almeida Miranda Maia, da 7ª Vara Federal, que já havia determinado a suspensão do Enem na semana passada. A juíza acatou pedido do Ministério Público Federal do Ceará, que alegou que há tratamento “discriminatório” do Ministério da Educação com parte dos alunos.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)
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