Perigo no ar
Déficit no número de controladores de voo compromete segurança do setor aéreo, alerta Aníbal
Segundo o tucano, o cenário atual compromete a segurança e limita a capacidade do setor aéreo. Para Aníbal, o governo federal não encara o problema com a seriedade necessária. “Estamos falando de profissionais indispensáveis que necessitam de boas condições de trabalho devido à tensão e responsabilidade de sua jornada. O governo atual é inerte, incompetente e trata essa questão tão importante com descaso”, avaliou o parlamentar.
Em 30 de abril de 2008, exatamente um ano após a greve que paralisou os aeroportos, o Comando da Aeronáutica anunciou sua meta para 2010. Para atingi-la, seria preciso formar mil novos profissionais. O Ministério da Defesa afirmou ao jornal “Folha de S. Paulo” que desconhecia a “suposta meta”.
No entanto, o objetivo consta em documento no próprio site da Força Aérea Brasileira (FAB). Após o jornal ter enviado o link do documento, o chefe de imprensa do centro de comunicação da Aeronáutica confirmou a meta e admitiu que ela não foi alcançada. Segundo o coronel Henry, o Decea perdeu 560 controladores por aposentadoria desde 2008. Outros 160 eram os da reserva que foram contratados no auge da crise aérea e não quiseram ficar, segundo ele.
Na avaliação de José Aníbal, a questão não é a falta de recursos para a Infraero ou para a Aeronáutica. De acordo com o deputado, a evasão de profissionais do setor deve-se à falta de planejamento e de salários adequados. “Esses fatores vão criando as piores condições para a segurança do tráfego aéreo, colocando em risco a vida de todos os que usam aviões no Brasil. Ou seja, não faltam razões para sanar essa preocupante situação”, reforçou o deputado.
Entre os profissionais, muita insatisfação
→ O Brasil – ao lado da Coreia do Norte – é um dos poucos países onde o controle de tráfego aéreo para a aviação civil é feito por militares.
→ Para a Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA), a evasão está ligada à insatisfação profissional. Além da questão salarial, os controladores se queixam das condições de trabalho e de mudanças na rotina de trabalho.
→ Segundo o advogado da associação Roberto Sobral, os controladores ligados à entidade foram afastados da função e colocados “na geladeira”. Ele estima que existam quase 200 nessa situação. O advogado está preparando cerca de 50 ações individuais de controladores contra a FAB por assédio moral.
(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Eduardo Lacerda)
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