Titular na berlinda

Tucanos defendem afastamento de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho

Diante de recentes denúncias, deputados do PSDB cobraram o afastamento do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e defenderam sua presença na Câmara para esclarecer as acusações. Comandada pelo pedetista, a pasta é apontada pela revista “Veja” como uma central de cobrança de propina para organizações não governamentais (ONGs).

De acordo com a publicação, caciques do PDT chefiados por Lupi transformaram os órgãos de controle em instrumento de extorsão. Primeiro, eram contratadas entidades para dar cursos de capacitação profissional. Em seguida, assessores exigiam pagamento de 5% a 15% do valor para resolver pendências que eles mesmos criavam. De acordo com o líder tucano na Casa, Duarte Nogueira (SP), o modus operandi  “é extremamente semelhante” àqueles revelados em outros prédios da Esplanada.

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Segundo “O Globo”, desde 2007, quando Lupi assumiu o posto, o ministério firmou R$ 1,55 bilhão em convênios, sendo R$ 448,8 milhões destinados a ONGs. Nogueira afirmou ao portal IG que a oposição defende a ida do pedetista ao Congresso e também o seu afastamento do cargo. “Ele precisa se distanciar para garantir isenção durante as investigações. A presença dele, dada a relação direta com as suspeitas de fraudes, só compromete e dificulta as apurações”, disse. No último dia 19, a Comissão de Agricultura havia aprovado requerimento de convite a Lupi, antes mesmo das novas denúncias. A motivação do pedido eram as irregularidades no pagamento do seguro-defeso a pescadores.

Para o 1º vice-presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Nilson Leitão (MT), é necessária a saída do pedetista até que se prove ou não o envolvimento nas irregularidades. O tucano afirma que o Trabalho é apenas um de tantos órgãos contaminados pela corrupção, marca registrada da gestão petista.

“Esses grupos que se instalaram no governo estão fazendo corretagem com o dinheiro público. Isso já passou de todos os limites possíveis e não adianta mais tirar esse ou aquele funcionário”, cobrou. Depois da matéria de “Veja”, dois assessores da pasta foram demitidos.

O deputado Romero Rodrigues (PB) acredita que Lupi pode ser o sétimo titular de Dilma a deixar o cargo. “Tudo indica que será mais um a cair por causa de irregularidades”, comentou. Segundo ele, o desvio de recursos por meio de entidades não governamentais é a confirmação de que “praticamente todos os ministérios estão envolvidos em problemas semelhantes”.

Contas engavetadas

→ Mais de 500 relatórios de prestação de contas apresentados por ONGs e outras entidades que receberam verbas públicas estão engavetados no ministério, sem fiscalização, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU). Metade deles corre o risco de completar cinco anos no fundo dos armários. As informações são dos jornais “O Valor” e “O Globo” de hoje (7). Pela legislação em vigor, os órgãos devem analisar as contas no prazo de 90 dias.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Ag. Câmara e Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)