Governo tomado por escândalos
Ministros falarão na Câmara sobre convênios suspeitos do Esporte e da Educação
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou requerimentos de deputados tucanos para esclarecer a série de denúncias de corrupção contra os ministérios da Educação e do Esporte. O ministro Fernando Haddad participará de audiência para explicar os procedimentos adotados para realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011. Em outro pedido, Orlando Silva falará sobre os preparativos para a Copa de 2014, inclusive em relação ao convênio de R$ 6,2 milhões com um sindicato de cartolas de futebol – o Sindicato das Associações de Futebol (Sindafebol) – para projeto fantasma.
“O governo federal está repleto de escândalos e esperamos que todos sejam esclarecidos. A sociedade acompanha esses fatos com atenção e cabe a nós chamar os ministros para elucidá-los”, destacou o deputado Vanderlei Macris (SP), um dos autores dos convites. O líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), também assina a solicitação de audiência com Haddad.
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O repasse ao Sindafebol para o cadastramento das torcidas organizadas para a Copa do Mundo foi aprovado sem licitação em dezembro do ano passado e liberado às pressas – em uma única parcela – em abril, segundo “O Estado de S. Paulo”. O contrato faz parte do programa “Torcida Legal”, mas a entidade admitiu não ter estrutura para executá-lo. Além da audiência pública, será enviado requerimento de informações ao ministério, assinado pelo tucano Fernando Francischini (PR) e pelo líder do PSDB.
No caso da Educação, foi firmado convênio com o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (CESPE), vinculado à Universidade de Brasília, sem licitação para aplicar o Enem de 2011, ao custo de R$ 372,5 milhões. O valor é três vezes superior ao desembolsado no exame de 2010, 128,5 milhões. A diferença motivou o Tribunal de Contas da União (TCU) a pedir a suspensão do pagamento.
Nova Blindagem – Apesar da aprovação dessas audiências, Macris reclamou da tentativa da base do governo de blindar outros ministros e impedir que deem explicações sobre novas denúncias. Um exemplo, segundo ele, foi a rejeição da solicitação à chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, para que explique na Câmara o recebimento de indenização indevida em decorrência de seu desligamento da Diretoria Financeira de Itaipu Binacional.
“Houve uma clara articulação para evitar a fiscalização de alguns casos que apresentamos. O governo recompôs sua estratégia de evitar a presença de alguns setores da administração federal para esclarecer escândalos, como aconteceu com a ministra. Há uma nova tentativa de blindar membros do Executivo para não serem expostos à opinião pública”, destacou.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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