Táxi aéreo
Ministro precisa se explicar por uso de verba indenizatória para pagar despesa de campanha
Depois de ter sido denunciado por oferecer pagamentos de R$ 30 mil a parlamentares em troca de apoio político, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, é acusado de usar verba da Câmara para ressarcir despesas com empresa de táxi aéreo realizadas durante a campanha. Reportagem de “O Estado de S. Paulo” revela que, três dias após as eleições de 2010, o ministro, na época deputado federal, pagou a conta com dinheiro da Casa. Os deputados Rui Palmeira (AL) e Raimundo Gomes de Matos (CE) lamentaram mais um escândalo no governo Dilma e afirmaram que a oposição vai continuar fiscalizando.
Para Gomes de Matos, é preciso que a Comissão de Ética apure o caso. “A corrupção e a má utilização dos recursos públicos se generalizaram. Quando vemos parlamentares aplicando mal a verba indenizatória temos que fazer com que a comissão possa apurar. Se Negromonte efetuou esse pagamento, não há outra alternativa a não ser convocá-lo para prestar os esclarecimentos”, disse.
baixe aquiNo dia 6 de outubro do ano passado, 72 horas após a eleição, a Aero Star Táxi Aéreo Ltda. emitiu dois recibos, um de R$ 18,3 mil e outro de R$ 8.850,00, para o ministro. Ele entregou as notas à Câmara para comprovar a despesa e repassou R$ 27 mil de verba indenizatória à companhia que lhe prestou serviços durante a campanha. A Abaeté Aerotáxi recebeu mais R$ 25 mil da Câmara a pedido de Negromonte. As duas empresas têm sede na Bahia, reduto eleitoral do ministro.
Rui Palmeira considerou o caso grave. “Infelizmente esse é mais um escândalo no governo Dilma, que começou falando que iria fazer faxina, mas que na verdade é uma fachada, pois ela só fez faxina em um pedaço da casa”, disse. “A oposição vai continuar cumprindo o seu papel, que é fiscalizar o Executivo. O grande problema da presidente é com sua própria base aliada. Todo dia tem problema”, acrescentou.
Diante da situação cada vez mais insustentável, os parlamentares defenderam a instalação da CPI da Corrupção. “É importante criar essa CPI, mas é preciso dar prazo e estabelecer critérios”, ressaltou Gomes de Matos. “Os motivos para que haja a investigação crescem a cada dia. Mas infelizmente ainda não chegamos ao número necessário para a instalação”, completou Palmeira.
Dinheiro dos cofres da Câmara
→ A Aero Star Táxi Aéreo trabalhou oficialmente na campanha eleitoral de Negromonte. Segundo os registros do Tribunal Superior Eleitoral, a empresa recebeu R$ 86 mil entre agosto e setembro do comitê de campanha dele. Em outubro, quando os deputados estão na “ressaca” da eleição, numa espécie de recesso informal, o dinheiro para a mesma empresa de táxi aéreo saiu dos cofres da Câmara. Negromonte foi reeleito com 169 mil votos.
A frase:
“Se a presidente não fizer a faxina, a população terá que ir às ruas e fazer uma faxina no Planalto”.
Deputado Raimundo Gomes de Matos (CE)
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl /Áudio: Elyvio Blower)
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