Falta política de austeridade
Governo transfere para a população a conta do descontrole dos gastos, afirma Vaz de Lima
A política de austeridade do governo federal transfere para o brasileiro a conta do gasto excessivo com a máquina pública. Para o deputado Vaz de Lima (SP), ao invés de pedir o adiamento de matérias de interesse da população, a equipe econômica deveria fazer o dever de casa e reduzir o número de cargos de confiança e ministérios.
No Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, propôs uma política fiscal apertada, com a redução das taxas de juros. Ele pediu moderação aos congressistas nas aprovações de projetos que aumentam gastos da União, como a votação da regulamentação da Emenda 29 e da PEC 300, que cria piso salarial para policiais – civil e militar – e bombeiros. Vaz de Lima acredita que o Planalto não está preocupado com o cidadão.
baixe aqui“O ministro aparecer com essa conversa é querer jogar a responsabilidade em cima dos outros. Acredito que o Congresso tem que tomar cuidado com o que aprova, sim. Porém, não acho que o governo esteja fazendo seu dever de casa. Não vem dar pitaco na nossa atuação sem cumprir o seu papel”, reprovou.
Como recorda “Valor Econômico”, enquanto tenta prorrogar a Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite remanejar 20% da arrecadação “carimbada” (de destinação obrigatória) em segmentos como saúde e educação, o Planalto trabalha para barrar a votação da PEC 300, pronta para votação do plenário da Câmara.
Vaz de Lima acredita que a política fiscal precisa passar pela redução de gastos. Porém, segundo ele, o PT prefere resolver os problemas aumentando impostos. “O Executivo eleva IOF, contribuição social sobre lucro, receita, mas não fecha a torneirinha do gasto. Ele que faça a sua obrigação”, ressaltou. “Infelizmente o que estão fazendo é apenas marketing.”
Para evitar novos danos à sociedade, o tucano afirma que é necessária uma avaliação do atual cenário econômico. “É preciso mostrar para a sociedade qual a situação da crise e dizer onde reduzir gastos. Mas não ouvimos isso das autoridades. O que escutamos é que não há crise e que o Brasil está forte”, disse. “O governo deve avisar que a instabilidade existe e que se não melhorar o modo de gastar, o país terá problemas.”
Dois pesos, duas medidas
→ Guido Mantega disse que, para manter a solidez fiscal, é preciso que os parlamentares moderem nas aprovações dos projetos. Ele citou dois projetos que considera cruciais para as contas públicas: “A aprovação da PEC 300 e a não aprovação da DRU é algo delicado”, afirmou.
→ A PEC 300 cria piso nacional para policiais civis e militares, com gastos adicionais estimados em R$ 35 bilhões. A PEC 300 está em votação no Congresso e o governo é frontalmente contrário à sua aprovação. Já a DRU caminha para extinção – criada em 1993, ela tem vigência até dezembro deste ano.
(Reportagem: Letícia Bogéa / Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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