Paralisia do Planalto
Desvios na Agricultura reduzem competitividade do Brasil no mercado internacional
Os deputados Luiz Nishimori (PR) e Antonio Carlos Mendes Thame (SP) acreditam que os desvios no Ministério da Agricultura reforçam a incompetência do governo em gerenciar os recursos públicos e comprometem a competitividade do Brasil no mercado internacional. Para os tucanos, o Planalto precisa atuar de forma enérgica para reduzir o descontrole com os gastos públicos, que prejudica, em especial, os pequenos produtores rurais.
Na opinião de Nishimori, o PT deveria seguir as orientações das instituições de controle, que apontam constantes irregularidades. “É preciso dar mais valor aos órgãos fiscalizadores. Temos que acabar com essa corrupção no Ministério da Agricultura, pois os impostos pagos pela população brasileira estão sendo desviados para interesses particulares”, condenou.
baixe aquiA consequência dos desmandos, segundo o deputado, é a ausência de uma política voltada para o agronegócio brasileiro, assim como fazem os países desenvolvidos ao subsidiarem as suas safras. Levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), revelado pela “Folha de S.Paulo”, conclui que o Ministério da Agricultura não fiscaliza adequadamente as operações milionárias nos órgãos ligados à pasta. A falta de monitoramento abre brecha para desvios.
Em entrevista à revista “Veja”, o administrador e ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), dispara que na Agricultura só há bandido e corrupção. Ele contou que o ministro Wagner Rossi ofereceu-lhe dinheiro em troca do seu silêncio.
Jucá Neto foi demitido após a revelação de que teria ordenado o pagamento de R$ 8 milhões a um armazém em nome de laranjas. O TCU informa que, por causa da demora em responder a um pedido judicial, a Conab perde 7 em cada 10 ações. O prejuízo chegou a R$ 1,12 bilhão em 2010.
Para Mendes Thame, as irregularidades são a “ponta do iceberg”. Segundo ele, o Ministério da Agricultura precisa passar por uma corregedoria externa. “É uma prática que vem ocorrendo em muitos governos do PT. O órgão está preparado para perder. O resultado da disputa judicial é fruto de um ato de corrupção em que o setor público não é defendido.”
Mendes Thame destaca que os recursos jogados pelo ralo poderiam ser utilizados na preservação das estradas rurais para escoamento da produção, na construção de armazéns e secadores de mantimentos, no preparo do solo para o plantio, entre outras ações.
(Reportagem: Artur Filho / Fotos: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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