Crise instalada
Tucanos criticam contradições de Pagot em audiência na Câmara
Deputados tucanos consideraram contraditórias as afirmações do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), Luiz Antonio Pagot, em relação às denúncias sobre o Ministério dos Transportes. Os parlamentares que acompanharam a audiência pública das Comissões de Fiscalização Financeira e de Viação e Transporte da Câmara nesta quarta-feira (13) afirmaram que a demissão de integrantes da pasta reforça as suspeitas de superfaturamento de obras.
Para o líder tucano, Duarte Nogueira (SP), a lisura e a boa condução dos empreendimentos apresentadas por Pagot não fazem sentido diante das exonerações e da queda de Alfredo Nascimento. “Se não há nenhum problema, por que o ministro não está mais lá?”, indagou. Nascimento foi criticado pelos parlamentares por não ter comparecido à audiência, onde também deveria dar explicações.
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Segundo Nogueira, o longo depoimento do diretor não esclareceu a crise instalada. “Ele não trouxe nada além de um roteiro pré-definido para se proteger e deixar claro que sabe de bastante coisa e que as decisões foram tomadas por um colegiado, ou seja, há uma corresponsabilidade, caso alguma coisa dê errado, como acreditamos que dará”, afirmou.
“Se na reunião com a cúpula dos Transportes, no dia 24 de junho, até a presidente ficou assustada com o orçamento das obras, como confirmou Pagot, é porque a situação é extremamente preocupante. O susto da presidente é apavorante”, disse. Ele destacou que é preciso investigar o novo titular da pasta, Paulo Sérgio Passos, já que ele conhecia as decisões. “Ele também deve ser incluído no rol daqueles que devem explicações”, comentou.
Autor de um dos requerimentos para realização da reunião, o deputado Vanderlei Macris (SP) apresentou pedido da Comissão de Fiscalização para que Pagot permitisse a quebra dos sigilos telefônico e bancário. O diretor prometeu que assinaria a petição, mas ainda não o fez. Macris questionou as afirmações de Pagot referentes à inexistência de um esquema de corrupção.
O deputado Fernando Francischini (PR), também autor de requerimento para realização da audiência, questionou o diretor do Dnit sobre seu patrimônio. Segundo ele, as explicações são importantes para que haja transparência e para elucidar seu envolvimento no suposto esquema de superfaturamento. O diretor-geral confirmou que possui terras no estado do Amazonas, além de cerca de 2 mil cabeças de gado em Mato Grosso, o que comprova existência de um patrimônio, que na avaliação de Francischini pode ser considerado alto.
De acordo com o tucano, Pagot sabe muito e precisa de proteção policial. Para o parlamentar, é antiética a manutenção de contato direto, por telefone, do diretor de uma autarquia com empreiteiros, procedimento que Pagot assumiu realizar. “Ele tem contrato e instrumentos públicos para serem usados, não é com uma ligação que se resolvem problemas em obras”, afirmou.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)
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