Gastos secretos
Deputados condenam postura do governo de negar dados atualizados da Copa para o TCU
Os deputados Vanderlei Macris (SP) e Ricardo Tripoli (SP) criticaram nesta sexta-feira (1º) a falta de transparência do governo federal com as obras e ações da Copa de 2014. A menos de três anos da realização do evento, não há ações definidas e nem o valor preciso de quanto será gasto, fazendo com que a sociedade continue desinformada sobre o que está sendo feito.
O Tribunal de Contas da União quer dados atualizados dos gastos da Copa, mas o governo Dilma se nega a repassá-los. Segundo o TCU, gastos com segurança, saúde e outros itens paralelos aumentam as despesas e não estão previstos em documento básico relativo ao torneio de futebol. Cobrado, o ministro do Esporte, Orlando Silva, afirma que não vai atender ao pedido do órgão auxiliar do Congresso Nacional.
baixe aquiMacris considerou lamentável a rejeição e afirmou que o governo é incompetente e sem rumo. Segundo o tucano, não houve planejamento adequado e tudo está sendo realizado de maneira atropelada, sem transparência e sem que a população tenha acesso aos dados sobre os investimentos. Ainda de acordo com o parlamentar, a tentativa de criar um novo regime de licitação para tentar acelerar as obras comprova a total falta de planejamento.
“O Brasil é o país do futebol, mas da forma como está fazendo nos coloca sob grande risco de fazer uma Copa pífia. E quem paga pela incompetência, infelizmente, é a sociedade”, lamentou.
Para Tripoli, o governo deveria ser mais claro em relação ao que está sendo feito em relação ao megaevento esportivo. Na sua opinião, o discurso do ministro em relação ao assunto ainda é muito vazio. “Se o TCU cobra esses dados e fica sem retorno, imagina como fica a população?”, questionou. “Não adianta anunciar que o torneio será no Brasil se não temos uma infraestrutura suficiente para atender a demanda. E agora fica ainda pior, já que o governo não apresenta os dados de forma concreta”, completou.
Segundo estudo da consultoria do Senado divulgado nesta semana (veja dados abaixo), o custo do torneio será maior do que a soma do total investido nas últimas três edições do evento (Japão, Coreia, Alemanha e África do Sul). Na opinião de Macris, essa informação reforça a necessidade de investigação dos investimentos, que devem, ser feitos com total transparência.
Despesas bilionárias
→ Segundo o consultor do Senado Alexandre Guimarães, as copas do mundo de Japão e Coreia (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010) consumiram, juntas, US$ 30 bilhões (US$ 16 bilhões, US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, respectivamente), enquanto todas as Copas da história juntas teriam consumido US$ 75 bilhões. No Brasil, as despesas atingem US$ 40 bilhões.
→ O TCU quer que o governo federal atualize a lista de obras para a Copa do Mundo de 2014. Mas o ministro do Esporte, Orlando Silva, avisa que não haverá acréscimos na listagem, que consta na chamada “matriz de responsabilidades”. Este documento reúne os compromissos básicos da União, dos estados e municípios com o campeonato mundial de futebol.
→ O tribunal entendeu que é preciso colocar na relação de empreendimentos relacionados a segurança, turismo, saúde, energia e comunicações que também vão importar gastos para os cofres públicos.
→ O TCU fez um primeiro pedido ao ministro em novembro, respondido em fevereiro pelo governo. O ministério afirmou que não vai incluir todos os pedidos na lista de ações e obras da matriz. Insatisfeito, o TCU fez nova determinação ao governo federal no dia 15 de junho. Mas Orlando Silva foi enfático ao dizer que o assunto foi esclarecido.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)
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