Mentor do plano

PSDB atua para esclarecer participação de Mercadante no dossiê dos aloprados

O PSDB apresenta nesta terça-feira (21) três requerimentos de convocação para o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, esclarecer sua participação no escândalo dos aloprados. O partido ainda encaminhará dois convites a Expedito Veloso, secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal. Os pedidos serão feitos às comissões de Segurança Pública, Ciência e Tecnologia e Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.

Reportagem da revista “Veja” desta semana aponta Mercadante como um dos mentores do plano envolvendo petistas na compra de um dossiê contra o então candidato tucano ao governo paulista, José Serra, em 2006. Na quarta-feira (22), a legenda ingressa com representação no Ministério Público Federal e com um ofício na Polícia Federal solicitando a reabertura da investigação.

Punir envolvidos no escândalo implodiria conivência com malfeitos que marcaram era Lula

“Tendo em vista que o caso acabou insolúvel, esse depoimento pode nos dar a oportunidade de reabrir o processo e tentar buscar os culpados”, declarou o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), em entrevista à Rádio CBN. Segundo a “Veja”, o processo de mais de 2 mil páginas tinha como destino certo os arquivos da Justiça Federal.

O deputado Antonio Imbassahy (BA) disse que é dever da oposição cobrar esclarecimentos. Para o vice-líder tucano, as denúncias são graves e comprometem Mercadante. “Esperamos que o ministro se pronuncie, senão, mais uma vez, o governo ficará comprometido. No momento em que esperávamos um movimento de pacificação na gestão Dilma Rousseff, depois da turbulenta demissão de Antonio Palocci, aparece outro ministro importante com denúncias graves”, afirmou.

De acordo com o parlamentar, o histórico do PT é de proteção aos companheiros envolvidos em atos ilícitos e irregularidades. “Eu espero que o PT puna os responsáveis por atos ilícitos e irregularidades. Mas não é essa a história. No mensalão, o ex-presidente Lula cuidou de proteger os companheiros. Recentemente vimos o retorno festejado do ex-tesoureiro Delúbio Soares, conhecido por operar desvios de recursos. Depois, Lula fez de tudo para que Palocci permanecesse. Agora surge essa questão do Mercadante, que no passado Lula dizia ser coisa de aloprados”, completou.

Memória

→ Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2006, a Polícia Federal prendeu em um hotel de São Paulo petistas carregando uma mala com R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado para a compra de documentos falsos que ligariam o tucano José Serra, candidato ao governo paulista, a um esquema de fraudes no Ministério da Saúde. O escândalo ficou conhecido como Dossiê dos Aloprados. O termo foi dado pelo próprio ex-presidente Lula que classificou o episódio como “coisa de aloprados”.

→ Segundo a “Veja”, nas investigações sobre o caso, cujo processo contém mais de 2 mil páginas, a PF colheu 51 depoimentos, realizou 28 diligências, ordenou cinco prisões temporárias, quebrou os sigilos bancário e telefônico dos envolvidos, mas não chegou a lugar algum.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Polícia Federal/Áudio: Elyvio Blower)