Incentivo ao crime
Comércio livre de carros roubados na Bolívia reforça falta de vigilância nas fronteiras, avaliam parlamentares
Os deputados João Campos (GO) e Fernando Francischini (PR) afirmam que os automóveis roubados no Brasil e vendidos livremente na Bolívia refletem a falta de uma política externa eficiente do governo federal. Segundo os tucanos, a presidente Dilma Rousseff despreza a segurança nas fronteiras, contrariando o discurso de campanha.
A “Folha de S.Paulo” mostra que automóveis de diferentes marcas, modelos e estado de conservação são expostos como numa feira a céu aberto no país vizinho. Carros avaliados em R$ 27 mil saem por R$ 5.600 perto da fronteira com o Brasil. Há duas semanas, o presidente Evo Morales promulgou uma lei para regularizar os veículos roubados, piorando a situação.
baixe aquiNa opinião de Francischini, a iniciativa boliviana estimulará o delito. “A política de registro de automóveis é a consumação dos crimes aqui no Brasil. A partir do momento que facilita a legalização de carros roubados, Evo Morales incentiva o crime”, lamentou. O tucano ressaltou que os veículos encaminhados à Bolívia são trocados por cocaína.
O deputado cobra uma providência urgente por parte das autoridades brasileiras. “A presidente Dilma tem que determinar ao embaixador na Bolívia que faça uma moção internacional de repúdio nessa ação do governo”, declarou.
João Campos defende um acordo entre as duas nações em relação à fronteira, cujo objetivo é impedir a venda ilegal de automóveis. “Sem um esquema de colaboração bilateral, as autoridades brasileiras, em especial as polícias, ficam sem ação e as vítimas são prejudicadas”, avalia o deputado.
Feirão ilegal
→ Na Bolívia, um Fiat Palio 2011, que custa em média R$ 27 mil, é vendido por R$ 5,6 mil. Além dele, um Saveiro Cross 1.6 2011, avaliada em R$ 39 mil, sai por R$ 15 mil;
→ Semana passada, o Exército deflagrou a Operação Atalaia, com mais de 500 homens distribuídos em pontos fixos da fronteira entre Corumbá e Porto Murtinho;
→ No Posto Aduaneiro Esdras – posto oficial de travessia –, a Receita Federal fiscaliza apenas cargas, por amostragem. Já a Polícia Federal mantém somente um posto para controle de imigração.
(Reportagem: Laize Andrade / Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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