Material contaminado
João Campos condena escolha de cidade goiana para receber lixo radioativo
Durante audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família, o deputado João Campos (GO) discordou da escolha de Abadia de Goiás (GO) para armazenar dejetos das usinas nucleares de Angra 1 e 2. O parlamentar considerou inconcebível a possibilidade de escolha do município para depositar lixo radioativo. A cidade já possui dois depósitos, que abrigam 6 mil toneladas de material contaminado com Césio 137.
O tucano questionou o motivo do armazenamento no local. De acordo com ele, nada justifica transportar lixo radioativo para esse município, pois pode haver risco de desastres e insegurança para a população. “Por que não colocar em Angra, já que as usinas estão lá? Ela não é a primeira beneficiada em termos de energia? Por que ir para outro local e não ficar onde as usinas se encontram?”, questionou.
baixe aquiPara João Campos, é necessário criar uma Comissão Mista para ampliar o debate sobre a Política Nuclear Brasileira. “O Brasil não está fazendo discussão nenhuma sobre o assunto. Precisamos indagar sobre os níveis de segurança das usinas nucleares no Rio de Janeiro. Isso é obrigação do governo federal, mas como ele tem se omitido, cabe ao parlamento fazer o debate, cobrar e fiscalizar”, afirmou o tucano.
Durante o debate, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves, disse que um dos requisitos para a definição do local do despejo de resíduos é a consulta popular. Segundo João Campos, é impossível a população de Goiás aceitar o depósito de lixo radioativo na cidade.
O deputado federal licenciado Leonardo Vilela (GO) também participou do debate. Atual secretário de Agricultura de Goiás, ele lembrou o triste acidente com o Césio 137 que aconteceu em Goiânia em 1987. Conforme lembrou, além de quatro mortes, dezenas de pessoas tiveram doenças provocadas pelo efeito da radiação.
No debate, Vilela informou que não aceitará rejeitos radioativos em Abadia de Goiás por três motivos. Primeiro, porque o depósito foi planejado e construído para receber os rejeitos do acidente Césio 137. Segundo, porque a Constituição do Estado veda esse tipo de armazenamento. Por último, porque a sociedade goiana é unânime em rejeitar a presença de lixo radioativo.
Acidente fatal
→ Abadia já abriga 6 mil toneladas de material contaminado com Césio 137 (elemento químico utilizado em aparelhos de raio-X) em dois depósitos definitivos. Caso a cidade seja escolhida para receber os materiais radioativos das usinas Angra 1 e 2, será necessária a instalação de um terceiro depósito.
→ O acidente de Goiânia com o Césio 137 foi um grave episódio de contaminação por radioatividade. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias das instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia, no estado de Goiás.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)
Deixe uma resposta