Lista negra

Tucanos desaprovam ameaças do Planalto para impedir investigação

Parlamentares do PSDB condenaram a estratégia do Palácio do Planalto de ameaçar os integrantes da base aliada que assinarem o requerimento para criação da CPI Mista de investigação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Segundo o jornal “O Globo”, o instrumento de pressão do governo para cobrar fidelidade são os cargos. Quem “não se comportar como aliado” entrará na lista negra.

Na avaliação do líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), o Planalto adota um modelo já visto nos últimos anos. “Essa prática é conhecida: passar a mão na cabeça da desonestidade e blindar os eventuais desonestos. Há uma máquina monumental de blindagem que tenta, no Congresso Nacional, impedir a fiscalização eficiente e a investigação indispensável, quando as denúncias são consistentes”, criticou em pronunciamento no plenário.

De acordo com a reportagem, os parlamentares que possuem cargos no Executivo têm a obrigação de se comportar como aliados. Aqueles que não têm vaga garantida e ameaçarem “alguma rebelião” – assinar o pedido CPI – entrarão para a lista negra do Planalto.

O líder da Minoria na Câmara, Paulo Abi-Ackel (MG), considerou “lamentável” a atitude do governo. “É uma demonstração de fazer prevalecer o desejo governista usando a máquina do Estado, o que é, em todos os aspectos, absolutamente condenável. O governo se alia ao ministro para sonegar informações ao país”, disse o tucano.

O deputado Luiz Fernando Machado (SP) também reprovou a estratégia. “Vejo com muita preocupação toda e qualquer interferência do governo no sentido de distribuição de cargos. Eles não devem ser leiloados em troca de uma absolvição sumária. O enriquecimento está constatado e há indícios suficientes para que a oposição inicie um processo de investigação”, avaliou.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)