Blindagem suspeita
PSDB insistirá em trazer Palocci ao Congresso para esclarecer crescimento súbito de patrimônio
A base do governo na Câmara blindou o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para evitar que o petista esclareça publicamente ao Congresso e à sociedade a denúncia sobre seu enriquecimento repentino. Na manhã desta quarta-feira (18) uma manobra governista impediu a realização das reuniões deliberativas de comissões permanentes para que os pedidos apresentados pela oposição de convite a Palocci não fossem votados.
Em resposta à manobra, PSDB e DEM apresentaram requerimentos em plenário convocando o braço-direito de Dilma. No entanto, mais uma vez o dever de fiscalização do Legislativo foi esmagado por ordem do Palácio do Planalto, que mobilizou seus aliados para impedir a convocação.
O líder tucano, deputado Duarte Nogueira (SP), avisou: novas propostas de convite ou convocação ao ministro poderão ser apresentadas nas comissões permanentes e o partido insistirá na vinda de Palocci à Câmara. “O que a base do governo está impondo a este Parlamento é amordaçar o seu direito de se manifestar, de propor a fiscalização e convocar um ministro para prestar esclarecimentos à opinião pública. Qual democracia deste planeta tem um ministro que teve seu patrimônio multiplicado por 20 ao longo de quatro anos não chamaria esse ministro para prestar esclarecimentos à sociedade?”, questionou, ao se referir à denúncia publicada no domingo pela “Folha de S. Paulo”.
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Para o tucano, a insistência do governo em evitar a presença de Palocci no Congresso gera desconfiança. “O que tem a esconder a base governista para impedir que o Parlamento fiscalize os atos do Executivo? Qual a dificuldade que há de um ministro vir até aqui mostrar com clareza sua evolução patrimonial? Por que não faz isso e por que o governo quer impedir?”, indagou o tucano da tribuna.
O líder chegou a sugerir que a Mesa Diretora da Câmara fizesse contato com Palocci para tentar marcar sua vinda por meio de acordo, para evitar a necessidade de votações ou convocações. A sugestão também foi ignorada pelos deputados que apoiam a gestão Dilma. Segundo Nogueira, o ministro teria a oportunidade de provar que não tem nada de irregular em relação aos seus bens. No entanto, por algum motivo prefere esconder as informações.
Também em plenário, o líder da Minoria, deputado Paulo Abi-Ackel (MG), afirmou que Palocci deve esclarecimentos ao país e não vê razões para que o petista não vá ao Parlamento dar as explicações. Na avaliação do deputado Vanderlei Macris (SP), vice-líder tucano, o ministro tem obrigação de prestar contas à sociedade em razão do cargo que ocupa. Segundo ele, ninguém quer acusá-lo de nada, mas sim ouvi-lo. “A estratégia de blindagem que o governo adotou é suicida, pois se o ministro não deve nada tem que vir se explicar, como faria em qualquer democracia do mundo”, disse.
Esvaziamento da Comissão de Fiscalização Financeira simboliza manobra do Palácio do Planalto
A foto ao lado, postada por Macris em seu Twitter, resume bem a manobra comandada pelo Palácio do Planalto e executada por sua base aliada para impedir a vinda de Palocci ao Congresso. Havia a expectativa de que o colegiado votasse hoje o requerimento apresentado ontem pelo vice-líder do PSDB que convidava o braço-direito de Dilma para vir à Câmara. No entanto, como destacaram lideranças do PSDB em plenário, o governo Dilma optou pelo autoritarismo e passou o rolo compressor no Congresso para manter o ensurdecedor silêncio de Palocci.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Agência Câmara e Twitter/ Vanderlei Macris/ Áudio: Elyvio Blower)
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A executiva do PSDB de Santa Rosa, RS, é solidaria com o movimento de fazer o Palocci se explicar.
Edison Franco – Secretário e Carlos Nasi Presidente.