O Congresso não pode se omitir!, por Andreia Zito
Pasmem, estamos diante de mais um dilema ético, no mínimo lamentável, do governo petista.
Segundo a coluna da jornalista Míriam Leitão, publicada no jornal “O Globo” de 23/03/2011, “Roger Agnelli é um executivo com defeitos e qualidades, que está no cargo, e se os acionistas quiserem podem e devem tirá-lo; nenhum problema. O que assusta é a forma, o motivo e os objetivos da ação de degola. (…) Essa intervenção, se for consumada, vai mostrar que a empresa tem um gravíssimo problema de governança, já que voltará na prática a ser estatal. Se o governo for bem sucedido no primeiro momento, depois virão os outros cargos, as chefias intermediárias e aí a Vale vai se tornar um bom e apetitoso pasto para os indicados políticos como são algumas estatais brasileiras como os Correios, as empresas do sistema Eletrobrás, principalmente Furnas. Para quem ainda tem dúvidas das motivações do governo é bom lembrar o tamanho do lucro que a empresa deu no último exercício: R$ 30,1 bilhões. Definitivamente, a cobiça não tem bons propósitos. (…) Se o governo quer reestatizar a Vale que o diga, defenda seu ponto de vista, compre as ações dos acionistas – quem sabe, a Mitsul na crise japonesa tenha interesse em vender – e assuma os riscos do retrocesso. A ação furtiva é fora de propósito. (…) A pressão deveria ser em mais transparência das ações de proteção ao meio ambiente e ressarcimento à sociedade. Mas o que o governo quer é um assalto à Vale. (…)”
Por conta do vazamento de informações, essa negociata chegou ao conhecimento da imprensa, desagradando muito a presidenta Dilma. Após ter confiado ao seu ministro classe A a articulação para dispensa e sucessão do presidente da Vale, Roger Agnelli, o emérito ministro não demonstrou a habilidade esperada pelo Palácio do Planalto para conduzir a fritura de Agnelli, deixando assim o governo exposto, já que a própria presidenta havia declarado em entrevista ao jornal “Valor Econômico” que não sabia de nada sobre a sucessão na Vale.
Ora, será que estamos retrocedendo no tempo em busca de encontrar os meios de conquista, muito utilizados no período do regime militar, declarado pelos companheiros como o período da ditadura?
Ou, quem sabe, esse será o caminho que o governo conseguiu para reparar, ou diminuir, o rombo de R$ 50 bilhões já declarados e contingenciados?
(*) Deputada federal pelo PSDB-RJ.
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