Orçamento mutilado
Cortes em investimentos e programas sociais afetam diretamente a vida da população, diz líder tucano
O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), afirmou nesta segunda-feira (28) que a “tesourada” bilionária em investimentos e programas sociais prejudicará diretamente milhões de brasileiros. O detalhamento dos cortes de R$ 50 bilhões foi feito pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior.
Apesar de assegurar que despesas com os projetos sociais e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) seriam integralmente mantidos, o Planalto avisou que cortará R$ 18 bilhões em investimentos. Desse total, o programa “Minha Casa, Minha Vida” terá redução de mais de R$ 5 bilhões.
“Os cortes foram feitos de maneira desordenada, pois alcançam investimentos e áreas sociais que vão comprometer a economia e reduzir a qualidade de vida das pessoas. O governo deveria ter sido mais severo na contenção do custeio da máquina”, defendeu o parlamentar. De acordo com o tucano, a oposição “olhará com lupa” o detalhamento do contingenciamento.
Estados mais afetados por “tesourada” do Planalto nas emendas são administrados por tucanos
baixe aquiO deputado Antonio Imbassahy (BA) também condenou a redução “substancial” nos investimentos do país. “Se houvesse uma atenção com relação aos gastos de custeio, poderíamos ter um controle maior da inflação que não trouxesse esse grave prejuízo dos cortes nos investimentos”, avaliou.
Os aportes do governo para o “Minha Casa, Minha Vida” passarão de R$ 12,7 bilhões para R$ 7,6 bilhões. “É um corte significativo, que tem duas razões: ou o governo reconhece que não tem capacidade gerencial para realizar os investimentos ou está fazendo um corte em um programa social importante, o que não é bom para os investimentos do PAC. Isso demonstra uma certa insegurança ou, ao mesmo tempo, uma forma atrapalhada do próprio governo na hora de fazer esses cortes e anunciá-los”, destacou o líder tucano.
“Tesourada” nas emendas parlamentares chega a 72%
Duarte Nogueira reprovou ainda a diminuição de R$ 18 bilhões nas emendas parlamentares – o equivalente a 72% do total apresentado pelos congressitas. “Muitos desses cortes estão sendo feitos em áreas sociais, nas construções de creches e unidades de saúde e também nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais, o que vai prejudicar muito a vida de tanta gente que tanto precisa”, condenou.
Segundo Imbassahy, durante a campanha eleitoral o PT dizia que as contas públicas estavam equilibradas, mas não é isso que está sendo verificado. “O governo Dilma começa com péssimas notícias para o povo brasileiro: apagão no Nordeste, a interrupção de uma série histórica de 16 anos de reajuste real do salário mínimo, o cancelamento de concursos e, agora, esses cortes. Tudo isso traz muita preocupação para os brasileiros”, ressaltou.
O próprio ministro da Fazenda admitiu que o segundo maior gasto do governo é com pessoal: R$ 180 bilhões. Imbassahy criticou o número excessivo de ministérios e o desperdício de dinheiro público. “Ao mesmo tempo em que o governo promove cortes que atingem diretamente a população, desperdiça recursos públicos. No final do governo Fernando Henrique eram 26 ministérios. Hoje são 38 e a presidente Dilma já anuncia a criação de mais dois. Tudo isso é jogar dinheiro da população pelo ralo”, afirmou.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Ag. Câmara /Áudio: Elyvio Blower)
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